quinta-feira, 13 de maio de 2021

ANÁLISE DE OSCILAÇÕES NATURAIS DE UMA RÉGUA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS



CAYNAN HENRIQUE GARCIA AMARANTE - 202010269

MARIANA EMANUELLE DE REZENDE - 201920798

PEDRO HENRIQUE DE CARVALHO SALGUEIRO -202010587

 


GFI130 - Projeto De Física Experimental I (Turma 33B)

Prof. Dr. José Alberto Nogales

 

LAVRAS-MG

2021


RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo teórico e experimental acerca do fenômeno mecânico de vibração. Tem como objetivo entender e verificar a importância dos principais parâmetros relacionados a esse evento, principalmente referente à frequência natural do sistema. O estudo se baseou na análise teórica e aplicação experimental de algumas réguas de alumínio em vibração livre, em que a captação dos dados experimentais se deu através de uma implementação digital entre o acelerômetro MPU6050, o Arduino e o Matlab. Furos circulares foram feitos nas réguas para fins de comparação dos resultados. Foi constatado que o projeto opera coerentemente com pequenos erros, atestando sua funcionalidade dentro da faixa de frequência (0-20 Hz), e demonstra aplicabilidade no meio acadêmico em experimentos para obter frequência natural de pequenas estruturas.


1 OBJETIVO

O objetivo principal do projeto é construir um protótipo que consiga receber e analisar as vibrações em pequenas estruturas, visando o melhor custo-benefício possível. Ademais, também se tem como objetivo verificar a capacidade do equipamento, identificando suas limitações e precisões. Espera-se que o sistema apresente pequenos erros, atestando sua funcionalidade dentro de uma pequena faixa de frequência de 0 a 50 Hz para a análise de vibrações.

Através de alguns experimentos com uma régua de alumínio, almeja-se a obtenção dos gráficos de análise dinâmica de vibrações – de Aceleração x Tempo e Magnitude x Frequência - para comparação com os valores teóricos de vibração natural da régua (frequência natural). Dados que serão obtidos através do acelerômetro MPU6050, que apresenta precisão satisfatória para fins educacionais, que é o enfoque deste projeto.

1.1 Introdução Teórica: Vibrações

1.1.1 Conceitos importantes

Qualquer movimento que se repita após um intervalo de tempo é denominado vibração ou oscilação. O balançar de um pêndulo e o movimento de uma corda dedilhada são exemplos típicos de vibração (RAO, 2008). A teoria de vibração trata do estudo e movimentos oscilatórios de corpos e as forças associadas a eles. Em geral, um sistema vibratório inclui um meio para armazenar energia potencial (mola ou elasticidade), um meio para armazenar energia cinética (massa ou inércia) e um meio de perda gradual de energia (amortecedor).

A vibração de um sistema envolve a transferência alternada de sua energia potencial para energia cinética e de energia cinética para energia potencial. Se o sistema for amortecido, certa quantidade de energia é dissipada em cada ciclo de vibração e deve ser substituída por uma fonte externa, se for preciso manter um regime permanente de vibração (RAO, 2008).

De acordo com Rao (2008), as vibrações podem ser classificadas de várias maneiras, como vibração livre e forçada, não amortecida e amortecida, linear e não linear, determinística e aleatória. Como o enfoque deste trabalho será a vibração livre, somente esse tópico será aprofundado.

· Vibração livre: “Se um sistema, após uma perturbação inicial, continuar a vibrar por conta própria, a vibração resultante é conhecida como vibração livre. Nenhuma força externa age sobre o sistema. A oscilação de um pêndulo simples é um exemplo de vibração livre” (RAO, 2008, p. 08).

Por outro lado, uma vibração forçada ocorre se um sistema estiver sujeito a uma força externa (muitas vezes, uma força repetitiva), e a vibração resultante é conhecida como vibração forçada. A oscilação que surge em máquinas, como motores a diesel, é um exemplo de vibração forçada. Se a frequência da força externa coincidir com uma das frequências naturais do sistema, ocorre uma condição conhecida como ressonância, e o sistema sofre oscilações perigosamente grandes (RAO, 2008). Falhas de estruturas como edifícios, pontes, turbinas e asas de aviões foram associadas à ocorrência de ressonância. Portanto, o entendimento da frequência natural de um sistema é uma peça-chave para a compreensão deste trabalho.

· Frequência Natural: “Se, após uma perturbação inicial, um sistema continuar a vibrar por si próprio sem a ação de forças externas, a frequência com que ele oscila é conhecida como sua frequência natural” (RAO, 2008, p. 25). Um sistema vibratório com n graus de liberdade terá, em geral, n frequências naturais de vibração distintas.

Tendo em vista a importância do conhecimento da frequência natural em um sistema mecânico, os procedimentos experimentais utilizados para a análise de vibrações visam em sua maioria a obtenção dessa frequência natural do sistema. Em geral, a resposta de um sistema vibratório depende das condições iniciais, bem como das excitações externas. Um sistema vibratório é um sistema dinâmico para o qual as variáveis como as excitações (entradas) e respostas (saídas) são dependentes do tempo. Por serem dependentes do tempo (Diagrama Aceleração x Tempo, por exemplo), são utilizadas técnicas computacionais para que a resposta do sistema seja dada no domínio da frequência. Essa transformação do tempo para a frequência pode ser feita através da transformada rápida de Fourier (FFT – Fast Fourier Transform).

        · Transformada rápida de Fourier: A FFT recebe sinais analógicos de tensão que podem ser referentes a deslocamento, velocidade, aceleração, deformação ou força em relação ao tempo. O sinal é convertido para digital e é transformado em frequência. Essa mudança é dada por transformações matemáticas da série de Fourier, daí vem a denominação.

        ·Função resposta em frequência (FRF): A FRF pode ser usada para determinar a resposta de um sistema a qualquer tipo de força excitadora no domínio da frequência. O analógico é enviado pelo acelerômetro, ou transdutores de forças, para o analisador de espectro.

        As várias quantidades encontradas na área da vibração e do som (como deslocamento, velocidade, aceleração, pressão e força) são frequentemente representadas usando a notação de Decibel, que pode ser expresso como:


(1)

onde X0 é uma tensão de referência especificada. Na prática, a equação anterior é usada para expressar as razões entre quantidades como deslocamentos, velocidade, acelerações e pressões. De modo geral, o valor de referência X0 para a aceleração é considerado como 1 ug = 9,81 x 10-6 m/s² (RAO, 2008).
 
1.1.2 Modelo teórico

        Tendo em vista a análise de vibrações proposta neste trabalho, que será realizada em uma régua de alumínio presa em uma de suas extremidades em uma mesa, o seguinte modelo teórico que trata sobre uma viga se faz jus à experimentação proposta.
        Para uma viga sujeita a vibração livre, o sistema é considerado como sistema contínuo no qual a massa da viga é considerada como distribuída junto com a rigidez do eixo. No caso de sistemas contínuos, as propriedades do sistema são funções das coordenadas espaciais. O sistema tem um número infinito de graus de liberdade e um número infinito de frequências naturais. A forma de modo correspondente à frequência natural mais baixa (isto é, a frequência natural fundamental) é chamada de modo fundamental (ou o primeiro). Os deslocamentos em alguns pontos podem ser zero. Esses pontos são conhecidos como nós. A forma do modo muda para diferentes condições de limite de uma viga (RAO, 2008).

            A equação do movimento do sistema para essas condições (viga sujeita à vibração livre), como demonstrado por RAO (2008), é a seguinte:

(2)

onde E é o módulo de rigidez do material da viga (Módulo de Young), I é o momento de inércia da seção transversal, Y(x) ou f(x) é o deslocamento na direção y em função de x da extremidade fixa (Figura 01), ω é a frequência natural circular e m é a massa por unidade de comprimento, sendo representado por “m = ρ.A(x)”, em que ρ é a densidade do material e x é a distância medida a partir da extremidade fixa.

Figura 01 – Representação do problema.

Fonte: Rao (2008).

Seguindo algumas operações matemáticas e obedecendo às seguintes condições iniciais (viga engastada):

Obtém-se a fórmula final para cálculo das frequências naturais da viga, ao se resolver a equação diferencial (2), como é demonstrado por Rao (2008):

(3)

onde ωn é a enésima frequência natural ([ωnf] = rad/s), L ou l é a distância do engaste até a extremidade da viga e αn é uma constante que pode assumir diferentes valores para o cálculo das diversas frequências naturais do sistema. Para o caso do projeto em questão, somente αn = 1,875 é interessante, pois se trata do primeiro modo de vibração da régua e corresponde à menor frequência natural, que é a frequência natural fundamental do sistema.

            O momento de inércia I da seção transversal pode ser calculado, para uma viga maciça, utilizando os valores da largura, b, e da espessura, h, através da seguinte equação (HIBBELER, 2009):

(4)

Caso haja um furo na viga, o momento de inércia será alterado. Para fins de simplificação nos cálculos, considerando que o furo realizado na viga é bem pequeno em relação ao tamanho total da estrutura, pode-se considerar que o centroide, o centro geométrico da viga/régua, se mantém o mesmo da régua maciça. Dessa forma, através do Teorema dos Eixos Paralelos, como é bem definido por Hibbeler (2009), o novo momento de inércia quando a estrutura apresenta um furo circular, é o seguinte:

(5)

Onde IC é o momento de inércia do furo circular em relação ao eixo que passa pelo centroide do furo, A é a área do furo e d a distância entre o eixo do furo e o centroide da régua, que de acordo com as considerações anteriores, se mantém o mesmo da régua maciça ao considerar que o furo seja bem pequeno. O momento de inércia IC do furo circular pode ser calculado da seguinte maneira (HIBBELER, 2009), sabendo-se que r é o raio do furo:

(6)

2 MATERIAIS UTILIZADOS E PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

O projeto se consistiu na implementação digital entre o sensor de vibração MPU6050, o Arduino e o Matlab para tratamento dos dados. As primeiras semanas do desenvolvimento do projeto se basearam na otimização dos códigos que foram utilizados na configuração do Arduino e do Matlab para a coleta dos dados – códigos demonstrados no Anexo I. Assim, a seguir é descrito todos os materiais utilizados.

· Sensor MPU6050

O sensor MPU6050 possui um acelerômetro, um giroscópio, um sensor de temperatura e um processamento interno para a realização de cálculos com o intuito de tratar os dados obtidos pelo sensor, aliviando o processamento do Arduino, neste caso. O sensor possui também duas entradas auxiliares para a junção com outro sensor, sendo o processamento interno compatível com alguns tipos de sensores, realizando um tratamento desses dados. O MPU6050 é conectado ao Arduino via conexão I2C.

Figura 02 – MPU6050.

Fonte: Dos autores (2021).

O acelerômetro é um dispositivo usado para medir a aceleração própria de um sistema. O princípio básico de funcionamento por trás dele é o sistema de massa e mola. As molas, enquanto dentro da sua região linear, são governadas pela lei de Hooke. Outro princípio físico envolvido é a segunda lei de Newton, que relaciona força com massa e aceleração. Igualando as duas equações obtém-se “ma=kx” e, portanto, pode-se perceber que uma aceleração a causa um deslocamento da massa de “x=(ma)/k”, ou, alternativamente, se a massa sofre um deslocamento x, significa que a massa está sob uma aceleração de “a=(kx)/m” (RAO, 2008). Acelerômetros, tipicamente, convertem energia mecânica em um sinal elétrico mensurável. Geralmente a saída é expressa em milivolts, de modo que a sensibilidade é dada em mV por g. Os acelerômetros são oferecidos em uma ampla gama de sensibilidades e a sensibilidade ideal depende do nível do sinal a ser medido. Na prática, para sinais de baixa amplitude, costuma-se usar dispositivos de alta sensibilidade. Para sinais de grande amplitude, usa-se acelerômetros de sensibilidade menor. A sensibilidade pode, ainda, variar com a frequência da aceleração a ser medida.

O dispositivo em questão, sensor MPU6050, não apresenta uma precisão tão concisa, mas é satisfatória para fins educacionais, que é o enfoque deste projeto.

Para implementar o sensor junto ao arduino, foi-se necessário também utilizar ferro de solda e cabos jumpers.

· Arduino

Arduino é uma plataforma de prototipagem eletrônica de hardware livre e de placa única, projetada com um microcontrolador Atmel AVR com suporte de entrada/saída embutido, uma linguagem de programação padrão. O arduino utilizado foi o Arduino Uno.

Figura 03 – Arduino UNO utilizado.

Fonte: Dos autores (2021).

· Réguas de alumínio

O experimento teve como objetivo obter as frequências naturais de uma régua de alumínio em 3 diferentes situações: régua maciça, régua com um furo na extremidade e régua com um furo no meio. Todos os furos realizados nas réguas foram de 0,2cm de diâmetro e, apesar de algumas imperfeições, foram considerados circulares. A seguinte Figura 04 ilustra os três diferentes casos.

Figura 04 – Réguas utilizadas no experimento.

Fonte: Dos autores (2021).

Para o procedimento experimental de coleta de dados, é fixada a régua de alumínio com o auxílio de fitas adesivas, em uma mesa reta e fixa. A régua deve estar fixada de forma que esteja firme, mas tenha espaço suficiente sobrando para poder oscilar quando provocada.

Na parte da régua que está fixada na mesa, o sensor de vibrações deve ser estabilizado, com o auxílio de fita adesiva, vide Figura 05. A partir disso, foram causadas vibrações através da aplicação de uma força na vertical, simplesmente para tirar a régua do repouso, como está ilustrado na Figura 01. Vibrações essas que foram computadas pelo sensor e enviadas através do Arduino para o Matlab, onde foram estudadas. A distância l utilizada na equação (3) foi de 15cm para todos os ensaios.

Figura 05 – Experimento sendo realizado.

Fonte: Dos autores (2021).

Após a realização de todas as etapas descritas acima, furos foram feitos nas réguas utilizando as ferramentas adequadas. Inicialmente foi feito um furo no centro da régua, e posteriormente, em outra régua foi feito um furo na sua extremidade, para que seja estudada a implicação da alteração do momento de inércia da estrutura em sua frequência natural de oscilação – Equação (3). O sensor foi novamente colocado, e suas alterações analisadas.

A montagem do circuito foi realizada de acordo com a configuração da Figura 06.

Figura 06 – Ligação entre o sensor MPU6050 e o arduino. (a) Modelo teórico. (b) Modelo prático.           

    

Fonte: Eletrogate (2020).
(a)

 Fonte: Dos autores (2021).

(b)

            No software do Arduino IDE é utilizada a biblioteca Wire para que seja feita a comunicação I2C com o MPU6050. É então estabelecida comunicação e acessado os registros do sensor para que ele esteja na função de administração de energia correta e os parâmetros de sensibilidade dos sensores sejam estabelecidos. O código utilizado está presente no Anexo I.

            Já para o Matlab, foi criada uma função auxiliadora, a função “diagramas”, que é responsável por analisar os dados, que tem como entrada dois vetores, um vetor de aceleração e um de tempo. Ela é responsável por aplicar a FFT (Fast Fourier Transform), que é uma função que transforma Tempo em Frequência, para que possa ser plotado os gráficos aceleração (g) tempo (s), magnitude frequência (Hz) e LogMagnitude frequência (Hz). Os códigos do Matlab também estão presentes no Anexo I.

A partir dos gráficos e dos picos de frequência obtidos pode-se observar as frequências naturais do corpo.

3 RESULTADOS

No caso deste experimento em particular, realizado com uma régua feita de alumínio com dimensões de 3 cm de largura e 0,1 cm de espessura, tem-se um valor de 7030×106 kg/m² para o módulo de Young (módulo de rigidez) baseado na consideração de que sua composição é exclusivamente alumínio (CALLISTER, 2002). Outros dados importantes são: a densidade do alumínio, 2,7 g/cm³ ou 2700 kg/m³, e o momento de inércia do material.

No primeiro caso da régua maciça utilizada neste experimento, calculou-se o momento de inércia com a equação (4), obtendo-se um resultado de 2,5x10-12 m4.

Para os outros dois casos da régua com furo, utilizou-se as equações (5) e (6) para realização dos cálculos. Na régua com um furo no meio, a distância d entre o eixo do furo e o centroide da régua é nula (passam pelo mesmo eixo), em que o momento de inércia total será somente o da seção transversal subtraído do momento de inércia do furo ( I = IT – IC).

Já no caso do furo que foi feito na extremidade da régua, a distância d entre o centroide do furo e o centroide total da régua foi de 13,8 cm - equação (5). Obs.: como explicitado anteriormente, está sendo considerado que o centroide da régua total não se alterou com a inserção dos furos, uma vez que eles possuem diâmetro de 0,2cm, sendo muito pequenos.

            Assim, aplicou-se os dados na equação (3) e os seguintes valores teóricos apresentados na Tabela 01 foram encontrados. Na tabela também estão presentes os valores experimentais, que similarmente serão detalhados logo em seguida.

Tabela 01 - Resultados teóricos e experimentais obtidos através dos cálculos das frequências naturais das réguas.

Régua

Momentos de Inércia (m4)

Valores de Frequência Natural (Hz)

-

-

Teórico

Experimental

Normal (maciça)

2,5000 x 10-12

11,58

9,93

Com furo no meio

1,7146 x 10-12

9,59

6,79

Com furo na extremidade

0,8930 x 10-12

6,92

5,38

 

            A seguir estão também apresentados os gráficos obtidos pelo Matlab, indicando a frequência natural de vibração experimental das réguas, resultantes da análise dos dados coletados pelo sensor MPU6050.

Figura 07 – Gráficos obtidos para a régua normal sem furos (maciça).

Fonte: Dos autores (2021).


Figura 08 – Gráficos obtidos para a régua com um furo no meio.

Fonte: Dos autores (2021).


Figura 09 – Gráficos obtidos para a régua com um furo na extremidade.

Fonte: Dos autores (2021).

O primeiro gráfico dentre os conjuntos apresentados explicita a aceleração em função do tempo. A aceleração, no primeiro conjunto de gráficos da régua maciça, está indicada em função da aceleração da gravidade, ou seja, o valor 0 significa que o valor da aceleração da gravidade (de aproximadamente 9,78m/s² para o local onde foi realizado) é o valor de referência. Nos outros conjuntos de gráficos para os outros casos da régua, optou-se por não aplicar o valor da aceleração da gravidade como referência, como é possível observar nos gráficos de Aceleração x Tempo das Figuras 08 e 09, que ao decorrer do tempo, tendem ao valor da aceleração da gravidade.

Já o segundo gráfico mostra magnitude por frequência. É neste que se pode tirar a informação da frequência natural, de forma que esta possui uma magnitude bem elevada em relação às outras frequências oriundas de ruídos externos e vibrações indesejadas. Estas magnitudes menores são mais facilmente observadas nos terceiros gráficos de cada conjunto (LogMagnitude vs frequência), que foi calculado através do Matlab utilizando a equação (1) apresentada anteriormente.

Os valores analisados estão representados no eixo Z devido à oscilação propriamente no eixo Z. Dessa forma, para este experimento, os outros eixos não são relevantes, porém a necessidade varia para cada sistema vibracional analisado.

4 ANÁLISES E CONCLUSÕES

            Analisando a equação (3) que foi a base do cálculo das frequências naturais teóricas, percebe-se que o momento de inércia é proporcional ao valor da frequência natural – ao aumentar o momento de inércia do sistema analisado, a respectiva frequência natural consequentemente aumentará da mesma forma. Essa característica foi um fato nos experimentos realizados, uma vez que ao fazer os furos na régua, o que diminuiu o momento de inércia, os valores de frequência natural encontrados foram proporcionalmente menores, comprovando esse conceito teórico.

            Apesar dessa semelhança, observa-se que ocorreram diferenças entre os valores teóricos e experimentais. Tais diferenças podem ser atribuídas a inúmeros fatores, que serão listados por conseguinte, começando pelo tipo da régua que fora escolhida para realização do experimento. A régua ideal para fazer o experimento seria uma com a seção transversal uniforme, completamente quadrada, e com um material com um alto módulo de elasticidade (módulo de Young), como um aço comum, por exemplo. Por ser alumínio, material que possui um índice que representa um terço do módulo de elasticidade do aço, essa propriedade de elasticidade dá ao alumínio a vantagem de dar às estruturas uma elevada capacidade de amortecer golpes e reduzir as tensões produzidas pela variação da temperatura (CALLISTER, 2002). Isso é uma desvantagem para os objetivos deste experimento, uma vez que o propósito inicial era fazer com que as réguas vibrem, mas, com o material sendo de alumínio, percebe-se que os ciclos de vibração captados pelo acelerômetro não ultrapassam 2 segundos ao analisar os gráficos. Isso ocorre em função do amortecimento que o alumínio exerce sobre a vibração por apresentar um pequeno módulo de elasticidade quando comparado com outros metais.

Além disso, a régua não possuía uma seção transversal quadrada, o que pode da mesma forma causar diferenças entre o modelo teórico adotado e o experimental, uma vez que, para fins de simplificação, fora considerado que a régua possuía a seção transversal quadrada. Devido a todos esses fatores, optou-se por adotar a simplificação no centroide da régua como mencionado anteriormente, pois senão seria necessário adotar métodos computacionais para realizar o cálculo do momento de inércia, tornando complexa a análise cuja não é o objetivo deste trabalho. Ademais, como o ciclo de vibração foi muito pequeno, de menos de 2 segundos, o sensor MPU6050 também teve alguns problemas de precisão na captação dos dados de aceleração e tempo, havendo a necessidade de o experimento ser realizado diversas vezes.

Dessa forma, baseado na comparação dos dados obtidos entre os métodos teóricos e experimentais testados e os resultados de diversos testes, é possível afirmar que o sistema opera coerentemente com pequenos erros, atestando sua funcionalidade dentro da faixa de frequência (0-20 Hz). Tudo isso, claro, levando em consideração os fatores explicitados no parágrafo anterior, relativos à régua e ao sensor utilizado. Isso assegura o cumprimento do objetivo inicial do projeto, uma vez que, a um baixo custo, demonstra aplicabilidade no meio acadêmico em experimentos para obter frequência natural de pequenas estruturas tal como os feitos neste trabalho.

Vídeo que sintetiza o trabalho:

BIBLIOGRAFIA

CALLISTER, W. D. Jr. Ciência e Engenharia de Materiais: uma Introdução. LTC, 5ª ed. Rio de Janeiro, RJ, 2002.

ELETROGATE. Acelerômetros MPU-6050, MMA8452 e MPU-9250. Blog. 2020. Disponível em: https://blog.eletrogate.com/acelerometros-mpu-6050-mma8452-e-mpu-9250/. Acesso em: 06 de maio de 2021.

HIBBELER, R. C., Resistência dos Materiais. Pearson Prentice Hall, 7ª edição, São Paulo, 2009.

RAO, S. Vibrações Mecânicas. Pearson Prentice Hall, 4ª ed. São Paulo, SP, 2008.

RODRIGUES, Rogério de Oliveira. Análise dinâmica bidimensional não-linear física e geométrica de treliças de aço e pórticos de concreto armado. 1997. Tese (Doutorado em Estruturas) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1997. doi:10.11606/T.18.2018.tde-21032018-090933. Acesso em: 2021-04-27.

ANEXO I

Códigos utilizados nos softwares Arduino IDE e Matlab.

Arduino IDE:

#include <Adafruit_MPU6050.h>

#include <Adafruit_Sensor.h>

#include <Wire.h>

 

Adafruit_MPU6050 mpu;

 

void setup(void) {

  Serial.begin(115200);

  while (!Serial) {

    delay(10); // vai pausar Zero até que o console serial abra

  }

 

  // Tentando inicializar!!

  if (!mpu.begin()) {

    Serial.println("Falhou em encontrar o chip do MPU6050");

    while (1) {

      delay(10);

    }

  }

 

  mpu.setAccelerometerRange(MPU6050_RANGE_16_G);

  mpu.setGyroRange(MPU6050_RANGE_250_DEG);

  mpu.setFilterBandwidth(MPU6050_BAND_21_HZ);

  Serial.println("");

  delay(100);

}

 

void loop() {

 

  /* Obter novos eventos do sensor com as leituras */

  sensors_event_t a, g, temp;

  mpu.getEvent(&a, &g, &temp);

 

  /* Imprimir na tela os valores captados */

  Serial.print(a.acceleration.x);

  Serial.print(",");

  Serial.print(a.acceleration.y);

  Serial.print(",");

  Serial.print(a.acceleration.z);

  Serial.print(", ");

  Serial.print(g.gyro.x);

  Serial.print(",");

  Serial.print(g.gyro.y);

  Serial.print(",");

  Serial.print(g.gyro.z);

  Serial.println("");

 

  delay(10);

}


Matlab:

projeto.m

clear all;

clc;

close all;

 

xyzt=[

-0.280  0.790   9.010   0.000;

-0.310  0.780   8.960   0.040;

-0.400  0.700   8.860   0.040;

-0.450  0.730   8.840   0.040;

-0.490  0.780   8.810   0.080;

-0.500  0.830   8.900   0.080;

-6.260  0.770   9.350   0.080;

11.170  2.140   4.340   0.120;

-9.820  0.380   14.770  0.130;

5.260   1.520   14.410  0.160;

-0.900  0.990   13.210  0.170;

-3.950  0.390   7.440   0.180;

7.470   1.420   4.030   0.200;

-7.780  -0.130  9.070   0.210;

5.080   1.510   12.010  0.220;

-0.110  0.790   10.250  0.240;

-1.720  0.760   8.430   0.250;

4.750   1.190   6.090   0.260;

-4.710  0.290   10.360  0.280;

3.620   1.170   10.760  0.290;

0.600   0.650   9.030   0.320;

-2.800  0.490   8.140   0.330;

3.650   1.160   7.350   0.340;

-2.820  0.630   10.300  0.360;

1.390   1.060   9.640   0.370;

1.280   0.900   8.280   0.380;

-2.480  0.650   8.350   0.400;

2.350   1.200   9.060   0.410;

-1.360  0.770   9.850   0.440;

0.270   0.930   9.280   0.450;

1.890   1.040   8.050   0.460;

-2.030  0.670   8.880   0.480;

1.470   1.030   9.450   0.490;

-0.220  0.840   9.300   0.480;

-0.600  0.890   9.030   0.520;

1.650   1.020   8.510   0.520;

-1.200  0.770   9.380   0.520;

0.550   0.960   9.240   0.560;

0.900   0.920   8.640   0.560;

-0.940  0.740   8.920   0.600;

1.140   0.950   9.020   0.600;

-0.030  0.860   9.250   0.600;

-0.120  0.890   9.070   0.640;

0.980   0.930   8.690   0.640;

-0.790  0.780   9.090   0.640;

0.660   0.950   9.170   0.680;

0.420   0.960   8.900   0.680;

-0.450  0.910   8.940   0.720;

0.730   1.040   8.870   0.720;

-0.450  0.910   9.130   0.720;

0.070   0.970   9.070   0.760;

0.500   0.990   8.870   0.760;

-0.560  0.890   9.020   0.760;

0.470   0.970   9.070   0.800;

0.070   0.890   9.100   0.800;

-0.140  0.900   9.080   0.800;

0.470   0.950   8.970   0.840;

-0.440  0.910   9.040   0.840;

0.120   0.990   9.070   0.880;

0.220   0.960   8.940   0.880;

-0.430  0.890   9.000   0.880;

0.290   0.980   8.990   0.920;

-0.130  0.960   9.050   0.920;

-0.130  0.930   8.980   0.920;

0.260   0.970   8.980   0.960;

-0.320  0.900   9.040   0.960;

0.120   0.940   9.070   0.960;

0.050   0.940   9.010   1.000;

-0.310  0.940   9.000   1.000;

0.150   1.020   8.980   1.040;

-0.240  0.970   9.030   1.040;

-0.180  0.950   9.020   1.040;

0.060   0.990   8.980   1.080;

-0.380  0.930   9.020   1.080;

0.000   0.980   9.020   1.080;

-0.100  0.960   8.970   1.120;

-0.280  0.960   9.000   1.120;

0.060   0.980   9.030   1.120;

-0.230  0.940   9.000   1.160;

]

figure('Name','Eixo X')

diagramas(xyzt(:,4),xyzt(:,1))

figure('Name','Eixo Y')

diagramas(xyzt(:,4),xyzt(:,2))

figure('Name','Eixo Z')

diagramas(xyzt(:,4),xyzt(:,3))


diagramas.m

function diagramas(tempo, magnitude)

X_mags=abs(fft(magnitude))

Fs=1/(tempo(2)-tempo(1))

N=length(magnitude)

bin_vals=(0:N-1)

fax_Hz= bin_vals*Fs/N

N_2= ceil(N/2)

subplot(3,1,1)

plot (tempo,magnitude)

title ('Aceleração vs Tempo')

subplot(3,1,2)

plot(fax_Hz(2:N_2),X_mags(2:N_2))

title ('Magnitude vs Frequencia')

axis tight

subplot (3,1,3)

plot(fax_Hz(2:N_2),20*log10(X_mags(2:N_2)))

title ('Magnitude (LOG) vs Frequencia')

axis tight