quinta-feira, 17 de junho de 2021

Mapeamento da Temperatura da água na Piscicultura

 Mapeamento da Temperatura da água na Piscicultura

Artur Lima de Mello, Camila Viana Lessa Barbosa, João Vitor Marsaro Fidelis e Vinicius de Abreu Silva

Turma Especial de Projeto de Física Experimental I, Universidade Federal de Lavras

 Lavras, MG, Brasil 17 de junho de 2021


1. Resumo

Este projeto é uma alternativa de baixo custo, que se baseia na experimentação com sensores térmicos para o mapeamento das temperaturas em tanques de piscicultura, permitindo a extração dos dados em diferentes profundidades e sua conjunta análise gráfica, comprovando ao fim sua aplicabilidade. 

 

2. Introdução

Com o passar do tempo, a questão alimentar humana se tornou cada vez mais elaborada e complexa, sempre com a visão de maximizar os ganhos ao manejar determinada cultura. Não diferente da agricultura, a criação de animais sofreu diversas evoluções ao longo da história humana, partindo de um início com animais terrestres, como o exemplo dos animais bovinos para corte e bovinos leiteiros, suínos e vários tipos de aves. Atualmente, o manejo de inúmeras outras espécies torna-se presente no nosso cotidiano, muitas vezes guiado pelas necessidades econômicas no consumo humano e modalidades distintas de criação.

A piscicultura consiste na criação de peixes e outros organismos, podendo ser feita em diferentes lugares como mar, represas, lagos, lagos artificiais, tanques de redes, tanques comuns, barragens ou viveiros. As duas principais alternativas para trabalhar são a da construção de um lago artificial ou viveiro. Essa atividade simples cresceu muito nos últimos anos e movimenta uma parte importante da economia do mercado no Brasil atualmente.

Vantajosa, possui utilização de pouca mão de obra e ainda permite o desenvolvimento de outras atividades na propriedade em questão, como a agricultura ou a pecuária. Há também a possibilidade desse manejo ser reduzido exponencialmente, efetuando-o em tanques menores ou até em caixas d’água. Contudo, a falta de espaço que o animal está inserido se mostra um problema sério e de urgente solução, visto que a sensibilidade à temperatura que a água está torna fator fundamental para seu bem estar e qualidade de vida.

Neste projeto, será feito um estudo sobre a temperatura de um tanque em escala reduzida, com o objetivo de compreendermos o comportamento da mesma em diferentes ocasiões. Nele, serão dispostos sensores fixos de temperatura em diferentes horários do dia em regime transitório, no que diz respeito à troca de água do tanque.

 

3. Referencial Teórico

3.1. A importância da temperatura na piscicultura

Na piscicultura, assim como em outras criações, a qualidade da água é de suma importância para o sucesso da produção. Ela é monitorada em observância a um grupo de características físicas e químicas, chamadas de variáveis. São elas: temperatura, transparência, oxigênio dissolvido, pH, amônia e salinidade. Todas essas variáveis afetam direta ou indiretamente o desempenho e as condições de saúde dos peixes e, por isso, precisam ser medidas periodicamente. O presente projeto tem como foco o parâmetro temperatura.

A temperatura é um fator de extrema importância para a piscicultura, pois os peixes, sendo animais pecilotérmicos, sofrem influência direta da temperatura do ambiente em que vivem. Desse modo, todas as atividades fisiológicas desses animais (respiração, digestão, reprodução, alimentação) estão intimamente ligadas à temperatura da água. Cada espécie tem uma temperatura na qual melhor se adapta e se desenvolve, sendo essa temperatura chamada de temperatura ótima. As temperaturas acima ou abaixo do ótimo influenciam de forma a reduzir seu crescimento.

- Altas temperaturas: Poucas espécies resistem a temperaturas elevadas (acima de 35ºC), pois estão, geralmente, associadas à diminuição nos teores de oxigênio dissolvido no meio e, ao mesmo tempo, ao aumento no consumo de oxigênio. Além disso, o aumento de temperatura também faz com que o metabolismo dos peixes seja maior, fazendo com que o seu consumo de alimentos aumente nas estações quentes do ano e, consequentemente, nessas épocas, a sua taxa de crescimento também aumenta. Com base neste efeito, as práticas de adubação, fertilização e alimentação são geralmente intensificadas no verão, e reduzidas, ou paralisadas, no inverno em regiões temperadas ou subtropicais.

- Baixas temperaturas: Baixas temperaturas levam os peixes a apresentar focos hemorrágicos levando, na maioria das vezes, à morte. Ademais, temperaturas abaixo do ótimo podem provocar o enfraquecimento dos peixes devido à diminuição da produção do muco protetor da pele, facilitando o ataque de parasitas.

Além disso, os peixes apresentam uma baixa tolerância às variações bruscas de temperatura (choque térmico). São consideradas variações bruscas as oscilações de, pelo menos, 3 a 5 ºC num mesmo dia. Essas variações são extremamente perigosas para os peixes, sobretudo para os ovos, larvas e alevinos, levando-os geralmente à morte.

Diante do exposto, é possível compreender a importância de monitorar todas as características da água, sobretudo sua temperatura em tanques e açudes, já que condições inadequadas de qualidade da água resultam em prejuízo ao crescimento, à reprodução, à saúde, à sobrevivência e à qualidade dos peixes, comprometendo o sucesso dos sistemas de aquicultura. Assim, atentando para todos os parâmetros mencionados, o piscicultor conseguirá manter seu negócio saudável e lucrativo.

 

3.2. Como varia a temperatura na água durante o dia

Como visto anteriormente, a temperatura da água é um dos fatores mais significativos na piscicultura, uma vez que ela está diretamente relacionada com as atividades fisiológicas dos peixes. Dessa forma, é de extrema importância compreender como varia essa temperatura durante o decorrer do dia.

A temperatura da água em ambientes de criação, quando não é manipulada artificialmente, reflete a temperatura do ar. Assim, a água esquenta ao receber radiação do sol quando a temperatura do ar está mais alta e esfria quando está mais baixa. Vale destacar que as mudanças de temperatura na água são mais lentas que no ar. Um exemplo disso é o início de um dia de sol, após uma noite fria, quando a temperatura do ar aumenta rapidamente, mas a água demora várias horas para aquecer. Ou ainda, o final de um dia quente, quando a temperatura do ar logo cai ao pôr do sol, mas a água permanece quente por algumas horas até começar a esfriar

A medição da temperatura da água na piscicultura deve ser feita em regiões de diferentes profundidades, dado que a luz e o calor se propagam na coluna d'água a partir da incidência da radiação solar na superfície. Uma vez que há variação da densidade da água com a temperatura, geralmente ocorre o fenômeno da estratificação térmica dos corpos d'água, que consiste na formação de camadas horizontais de água com diferentes densidades, ordenadas de forma que as menos densas fiquem sobre as mais densas e que haja um pequeno grau de mistura entre elas.

Em tanques rasos, a estratificação térmica costuma apresentar-se em apenas duas camas e tem um caráter diário, ou seja, durante o dia a camada superficial pode se separar da camada profunda por gradiente de temperatura/ densidade. Entretanto, no período noturno o perfil térmico tende a se homogeneizar, misturando as camadas bruscamente e, conforme enunciado, os peixes em geral não são resistentes a mudanças bruscas da temperatura da água, e tendem a buscar sua zona de conforto térmico dentro destas camadas.

Sendo assim, mudanças durante o dia na temperatura da água podem induzir o desequilíbrio fisiológico (o chamado “stress”) e provocar a morte dos peixes em um tanque, fazendo-se necessário o cuidado no manejo ou manuseio de peixes diariamente e, sobretudo, épocas onde a amplitude diária é mais acentuada, como por exemplo no final do outono, inverno e início da primavera.

 

4. Objetivos

O projeto tem como principal objetivo construir um dispositivo de baixo custo, que meça a temperatura da água em tanques de pequeno e médio porte, em pontos específicos de interesse durante o decorrer do dia, e extraia esses dados para que seja possível trabalhar com eles de forma a ajudar o piscicultor em suas dificuldades relativas à temperatura da água nos tanques de piscicultura.

Para demonstrar a funcionalidade do projeto e comprová-la fez-se necessário realizar uma experimentação e, posteriormente, confrontar os dados obtidos com a literatura.

De acordo com a literatura apresentada, em tanques rasos a estratificação térmica geralmente apresenta-se em apenas duas camadas e tem um caráter diário. Ademais, em tanques de piscicultura a água é renovada frequentemente de diferentes maneiras, de acordo com o tipo de tanque. Essa recirculação de água é necessária, pois garante a remoção de restos da ração para peixe que geram microrganismos prejudiciais.  A temperatura da água que entra, por sua vez, influencia diretamente na temperatura da água que já se encontra no tanque.

Dessa forma, a experimentação é feita em uma caixa d’água em funcionamento e em duas etapas. A primeira etapa consiste em medir a temperatura em três diferentes profundidades, superfície, meio e fundo. A segunda consiste em utilizar um dos sensores dispostos nas duas profundidades em que não houve uma considerável variação de temperatura, para medir a temperatura da água que entra na caixa d’água. Assim, feita a experimentação, os dados poderão ser extraídos e confrontados com a literatura para validar ou não o projeto.

Com o projeto validado e dispondo de todos dados (numéricos e gráficos), o trabalho poderá ser estendido à Piscicultura e cumprir com seu propósito maior: auxiliar os piscicultores a controlar as temperaturas da água nos tanques de acordo com a necessidade do cultivo em questão. 

 

5. O Projeto

5.1. Visão Geral do Projeto

Com a motivação e os objetivos apresentados, este projeto tem como base a medição da temperatura em tanques de piscicultura nas regiões de interesse definidas pela literatura apresentada. A peça central do projeto é o microcontrolador Arduino, que será responsável por receber os dados de sensores para que possam ser tratados e confeccionados os gráficos de interesse. Uma vez que se foi trabalho com medições em um ambiente aquático, seriam necessários sensores que pudessem operar abaixo d'água, para isso, foi utilizado o sensor de temperatura à prova d'água Ds18b20, que é capaz de extrair dados de temperatura em ambientes secos ou úmidos. Com o objetivo de trabalhar em tanques de pequeno e médio porte, registrando a temperatura em cada uma das faixas de temperatura definidas pelo fenômeno da estratificação térmica, optou-se pela utilização de três sensores com fio de comprimento de 3 metros, permitindo alcançar diversas profundidades em tanques com aproximadamente 3 metros de profundidade.

Além disso, a medição da temperatura ambiente para definir as condições de operação é relevante para relacionar com a variação da temperatura da água nas faixas definidas pela estratificação e assim, proporcionar um estudo completo do tanque em questão. Para isso, fez-se uso do sensor de temperatura e umidade DHT11, que proporciona a medição da temperatura e umidade do ar, sendo posicionado de forma que esteja em contato com o ambiente, extraindo dados da temperatura ambiente e da umidade relativa do ar no momento das medições da temperatura da água.

Para registrar os dados extraídos pelos sensores com o Arduino, seria necessária a utilização de um computador conectado ao projeto para que os dados pudessem ser exibidos na tela do computador. Entretanto, devido à inviabilidade de posicionar um computador nas proximidades de tanques de piscicultura e mantê-lo em funcionamento durante aproximadamente 24 horas para o estudo total do fenômeno da estratificação, este projeto faz uso de um módulo de cartão micro SD que pode ser conectado ao Arduino, de modo que os dados extraídos possam ser armazenados em um cartão de memória micro SD e posteriormente analisados em computadores ou celulares. Ademais, com a falta de um computador, o projeto conta também com dois LEDs, um vermelho e um verde, para a identificação visual do funcionamento correto dos equipamentos, ativados por meio do código programado e inserido no microcontrolador.

Em consequência da não utilização do computador, é necessário que o Arduino seja alimentado por uma fonte de tensão externa, papel desempenhado por uma bateria de 9V, capaz de alimentar o Arduino e os componentes eletrônicos do projeto durante o tempo necessário. Por fim, para facilitar a conexão dos componentes a serem utilizados, utiliza-se uma placa protoboard para montar o circuito.

O código de programação responsável por controlar o projeto, de forma simplificada, extrai as temperaturas de cada um dos sensores de temperatura inseridos na água, registrando assim a temperatura em cada uma das faixas geradas pelo fenômeno da estratificação onde foram posicionados. Analogamente, extrai a temperatura e umidade do ar ambientes onde está posicionado. Tais medições são realizadas em um intervalo de 15 minutos, para que seja possível a visualização de quedas bruscas de temperatura e funcione totalmente durante 24 horas. Com os dados extraídos, o microcontrolador os armazena em um cartão micro SD fazendo o uso do Módulo Cartão Micro SD e dos LEDs, acionando o LED na cor verde caso o cartão de memória seja inserido corretamente e esteja capaz de armazenar os dados e acionando o LED vermelho caso o cartão esteja corrompido ou não esteja em pleno funcionamento.

Dessa forma, o projeto realizará as medições periódicas previstas em tanques de pequeno e médio porte, armazenando os dados em um cartão micro SD e proporcionando sua posterior visualização em gráficos para a verificação de regiões em que a temperatura do tanque esteja fora da faixa especificada pelo piscicultor e em qual momento do dia ela acontece, permitindo ainda ações para evitar o indesejado.

 

5.2. O Circuito Eletrônico

Tendo em vista a descrição do projeto, o circuito eletrônico que garantirá o seu pleno funcionamento conforme os objetivos traçados foi confeccionado como mostra a figura a seguir:



Na montagem em questão, o Arduino Uno está conectado a uma fonte de tensão, neste caso uma bateria de 9 volts, uma vez que o microcontrolador pode ser alimentado por uma fonte externa com uma tensão entre 7 e 12V, por meio do conector Jack, como mostra a figura. Através das portas de alimentação, o Arduíno fornece uma tensão de 5V para a protoboard, onde será esquematizado o circuito. Sendo assim, o jumper indicado pela cor vermelha sai da porta de 5V do Arduino e alimenta a protoboard na linha positiva. Da mesma forma, o jumper indicado pela cor preta está conectado à porta GND do Arduino e alimenta a linha negativa da protoboard.

Com os 5V de alimentação advindos do Arduino, é possível conectar os sensores Ds18b20, responsáveis pela medição da temperatura abaixo d’água. Tais sensores possuem três fios em seu interior, dois deles (vermelho e preto) relacionados à alimentação, conectados nos pinos de alimentação da protoboard e o outro (amarelo), relacionado à extração dos dados do sensor de temperatura. Uma vez que os sensores Ds18b20 utilizados neste projeto possuem a comunicação “OneWire”, é possível a conexão de múltiplos sensores em uma única porta digital do Arduíno. Dessa forma, os três sensores foram conectados de forma que ambos estejam na porta digital 3 do Arduíno. Além disso, foi necessária a ligação de um resistor de “pull-up” entre o fio de alimentação e o fio dos dados do sensor para garantir o funcionamento e uma leitura estabilizada dos dados na porta digital. Conforme o datasheet do fabricante, este resistor pode ter uma resistência entre 4,7 kΩ e 10 kΩ. Neste caso, foi utilizado um resistor de 10 kΩ. 

O sensor DHT11, responsável pela medição da temperatura ambiente e da umidade relativa do ar, localizado no bloco superior da protoboard, também é alimentado com os 5V fornecidos pelo Arduíno, fazendo assim a conexão através de jumpers (vermelho e preto, na imagem acima) dos pinos VCC e GND. O pino responsável pela leitura dos dados está conectado na porta digital 7 do micro controlador por meio de um jumper (marrom) indicado na figura acima.

O módulo de cartão de memória, encarregado de receber os dados do projeto e gravá-los em um cartão de memória removível, também está localizado na parte superior da protoboard e da mesma forma que os outros sensores, é alimentado com 5V fornecidos pelo Arduíno. Com os pinos GND e VCC conectados por jumpers na alimentação (preto e vermelho, respectivamente), o módulo de cartão SD, necessita ainda da ligação dos outros pinos do módulo para seu funcionamento e recebimento dos dados. A ligação destes pinos é feita de forma padronizada para cada modelo de Arduíno, como será apresentado. Portanto, utilizando o Arduíno Uno, o pino CS é conectado na porta digital 10 (jumper azul), o pino SCK é conectado na porta digital 13 (jumper laranja), o pino MOSI é conectado na porta digital 11 (jumper verde) e o pino MISO é conectado na porta digital 12 (jumper branco).

Por fim, foram conectados dois LEDs, um na cor vermelha e outro na cor verde, que, diante do código inserido no Arduíno, são responsáveis pela indicação e confirmação do reconhecimento ou não do cartão micro SD inserido no módulo. Para cada um, foi utilizado um resistor de 220Ω, que diminui a tensão e faz com que os LEDs não se queimem, já que estão alimentados com 5V advindos do Arduino.


A versão esquemática do projeto também pode ser vista e é apresentada a seguir:



Ambas as representações apresentadas neste projeto foram realizadas mediante o uso do software Fritzing, software gratuito e open-source.

5.2.1. Componentes do Circuito

5.2.1.1. Sensor de Temperatura Ds18b20 à Prova d’água (Tipo sonda)

O Sensor de Temperatura Ds18b20 digital, produzido pela Dallas Instruments, é um sensor digital que trabalha realizando medições de temperatura em uma faixa de -55° a 125°C, seja em um ambiente seco, úmido ou submerso. O Ds18b20 à prova d’água do tipo sonda é um componente largamente utilizado em projetos que envolvem medição de temperatura em ambientes de grande umidade ou em recipientes com líquidos. O sensor é revestido por um material à prova d’água e contém uma ponta que é encapsulada em aço inoxidável.


De modo geral, sensores de temperaturas são analógicos fornecendo um valor de tensão ou corrente que é interpretado pelo Arduino (ou outro microcontrolador) para então ser mostrado como uma temperatura. Entretanto, o sensor Ds18b20 têm a particularidade de ser digital, sendo capaz de ler a temperatura, interpretá-la e enviar a informação do valor de temperatura em graus Celsius para o microcontrolador.

Além disso, o sensor possui a interessante característica de trabalhar no Protocolo One-Wire: sua comunicação é feita através de um único fio de dados, além do VCC (ligado em uma tensão de 3.3 ou 5V) e do GND, ambos fios de alimentação.


Dessa forma, cada Ds18b20 conta com um código ID próprio de 64 bits configurado de fábrica, possibilitando assim que dois ou mais sensores funcionem em um mesmo barramento (ligados na mesma porta digital do Arduino), onde cada elemento do barramento irá possuir um determinado endereço, de modo que é possível que o Arduino, através de um algoritmo de busca, determine quais são os endereços que estão sendo utilizados pelos dispositivos, tratando-os de maneira individual.



De acordo com seu datasheet, pelo fato de o sensor apresentar apenas um fio para o envio de dados, é necessário o uso de um resistor pull-up, ou seja, um resistor entre o fio de alimentação e o fio dos dados do sensor para garantir o funcionamento e uma leitura estabilizada dos dados na porta digital. Conforme o datasheet do fabricante, este resistor pode ter uma resistência entre 4,7 kΩ e 10 kΩ.

O Ds18b20 conta com precisão de ± 0,5°C na faixa de medição entre -10°C e 85°C e apresenta faixas distintas de medição através da seleção a resolução de leitura que varia de 9 a 12 bits, tendo uma resolução de 0,5°C em 9 bits, 0,25°C em 10bits, 0,125°C em 11 bits e 0,0625°C em 12 bits, essa última a resolução padrão. 

Como funções adicionais o sensor conta com alarme programável, sendo possível realizar uma configuração definindo uma temperatura mínima e máxima, determinado uma faixa de temperatura onde os valores que estão fora dessa faixa disparam o alarme; um modo de ligação chamado de Modo Parasita, onde a energia de alimentação do sensor é feita através da linha de dados. Este modo só pode ser utilizado em casos de medição de tensão de acima de 100°C e requer o uso de outros componentes para seu funcionamento.

Em linhas gerais, suas principais Características são:

  Tensão de operação: 3 a 5VDC;

  Consumo: 1,5mA;

  Comunicação One Wire;

  Faixa de medição: -55° a 125°C;

  Resolução de saída: 9 a 12 bits (programável);

  Tempo de conversão: 750ms (12-bits);

  Precisão: ± 0,5 entre -10°C e 85°C;

  Comprimento do cabo: pode ser encontrado de 1m, 2m ou 3m

 

5.2.1.2. Módulo Cartão Micro SD

O módulo de cartão micro SD para Arduino é um dispositivo compacto desenvolvido para superar uma barreira comum em projetos com Arduino e outras plataformas microcontroladas: a armazenagem de dados. Com o uso dele é possível realizar o armazenamento de informações obtidas por sensores de forma completa feita diretamente em arquivos de textos, facilmente ser abertos em computadores, notebooks e demais mídias ou dispositivos que tenham métodos de conexão para Cartões Micro SD para a realização de eventuais análises posteriores.

Atualmente os dois métodos mais conhecidos para gravação de dados junto ao Arduino é a utilização de cartões de memória SD e o uso de memórias EEPROM. O empecilho na utilização de memórias EEPROM é a sua dificuldade de verificações externas, já que não possui formas simplificados de conexão a um computador e envio dos dados para um arquivo .txt para leitura externa em computadores, por exemplo.

Dessa forma o módulo de cartão micro SD se apresenta como um dispositivo para a leitura de informações e a escrita de dados de maneira rápida e prática já que permite o trabalho com arquivos no formato .txt e faz uso de um cartão micro SD (extremamente comum atualmente em smartphones, por exemplo) sem nenhum tipo de adaptador.

Uma particularidade que permite uma maior capacidade de leitura e execução de dados é o fato do Módulo Cartão Micro SD possuir a capacidade de reconhecer e ler dois tipos de cartão de memória: o cartão Micro SD tradicional e o Micro SDHC, este último um cartão de memória de alta velocidade.

O componente trabalha sob a alimentação feita por meio dos pinos VCC e GND e utilizando um sistema de comunicação chamado SPI que usa como base os pinos SCK, MISO, MOSI E CS, fazendo com que o Módulo Cartão Micro SD necessite seguir uma ligação obrigatória e específica que atenda aos critérios de pinagem que variam dependendo do modelo de Arduino utilizado. A marcação dos pinos pode ser encontrada na parte da frente ou no verso do módulo.



  No caso do Arduino UNO, as ligações dos pinos SCK, MISO, MOSI E CS correspondem respectivamente aos pinos 13, 12, 11 e 10 enquanto que no Arduino MEGA, são respectivamente compatíveis com os pinos 52, 50, 51 e 53. Essa correlação entre os pinos do módulo e as portas do microcontrolador Arduino a depender do modelo pode ser simplificado através da tabela a seguir:

Tais ligações podem ser realizadas de modo que os pinos do Módulo sejam conectados junto a Porta Digital correspondente do Arduino diretamente, uma vez que este Módulo opera em nível lógico de 3,3V e o já possui um divisor de tensão embutido para que a comunicação entre o módulo e o microcontrolador de nível lógico 5V possa ocorrer normalmente. Ademais, sua alimentação é feita em uma tensão na faixa entre 4,5 e 5V.

Com relação ao formato do cartão de memória, podem ser utilizados cartões nos formatos FAT e FAT32, e segundo o fabricante é possível o uso cartões de memória micro SD partindo de 2 GB e cartões micro SDHC (high-speed) até 32 GB.

De modo geral, segundo seu datasheet, suas especificações gerais são:

  Nível lógico: 3,3V (divisor de tensão já embutido no módulo)

  Tensão de operação: 4,5 a 5,5V

  Interface de comunicação: SPI

  Cartões compatíveis: micro SD Card / SDHC

  Dimensões (Comprimento x Largura x Altura): 42 x 24 x 3,5mm

 

5.2.1.3. Sensor de Umidade e Temperatura DHT11

O Sensor de Umidade e Temperatura DHT11 é um sensor de temperatura e umidade que possibilita leituras de temperaturas entre 0 a 50 Celsius e umidade entre 20 a 90%. É um sensor simples e de fácil uso, porém requerem cuidado quando utilizados para a realização de duas leituras consecutivas, onde é necessário um intervalo de, no mínimo, 1 segundo entre uma leitura e outra, por este motivo é também considerado um sensor de baixo custo.

O elemento responsável pela leitura da temperatura é um termistor do tipo NTC e o sensor de Umidade é capacitivo do tipo HR202. No DHT11 o circuito interno realiza a leitura dos sensores e se comunica a um microcontrolador que faz as medições e transmite os valores no formato digital através de um pino de saída.

O sensor possui 4 pinos, que, de acordo com o datasheet, dois são correspondentes a alimentação: VCC (alimentado com tensão de 3,5 a 5V) e GND, um referente a comunicação dos dados e outro que não apresenta conexão. Ainda segundo o fabricante, a transmissão digital pode ser realizada por um cabo de até 20 metros., porém caso sofra uma longa exposição ao sol, o sensor poderá ter sua performance afetada.

De modo geral, as especificações do DHT11 são:

  Faixa de medição de umidade: 20 a 80% UR

  Precisão de umidade de medição: ± 5,0% UR

  Faixa de medição de temperatura: 0º a 50ºC

  Precisão de medição de temperatura: ± 2.0 ºC

  Alimentação: 3,5 a 5V

  Corrente: consumo máximo de 2,5mA

  Tempo de resposta: 2 segundos

  Dimensões: 23 x 12 x 5mm (incluindo terminais)

 

5.2.1.4. Arduino UNO

Criado em 2005 pelo italiano Massimo Banzi e sua equipe, o microcontrolador Arduino é uma plataforma de prototipagem eletrônica open-source baseado em hardwares e softwares de fácil uso, com o objetivo de ser uma tecnologia facilitadora no ensino de eletrônica para estudantes. O microcontrolador é muito utilizado nos mais diversos projetos eletrônicos, uma vez que ele pode receber sinais de sensores e pode interagir e controlar outros dispositivos como motores de passo, LEDs e outros atuadores.

De modo geral, sua estrutura básica é composta por entradas digitais e analógicas, um microcontrolador e conexões para alimentação e para interação com um computador a depender do modelo de Arduino utilizado. Neste projeto, o modelo utilizado foi o Arduino UNO, composto por 14 entradas digitais, 6 entradas analógicas, com uma tensão de operação de 5V e podendo ser alimentado por um cabo USB ou uma fonte externa com tensão entre 7,5 e 12V.

Para a programação do microcontrolador do, utiliza-se a “Arduino IDE”, uma aplicação multiplataforma que recebe o código de programação do Arduino na linguagem C/C++, onde são obrigatoriamente definidas duas funções base do microcontrolador: a função “setup()”, executada apenas uma vez pelo Arduino e onde geralmente são estabelecidas as configurações iniciais do programa e a função “loop()”, cuja qual é executada repetidamente em loop até que o Arduino seja desligado.

Suas especificações gerais, conforme o fabricante são:

  Microcontrolador: ATmega328P

  Tensão de operação: 5V

  Tensão de alimentação (recomendada): 7 - 12V

  Entradas e saídas digitais: 14

  Entradas analógicas: 6

  Dimensões: 68.6 mm x 53.4 mm

  Peso: 25 g

 

5.2.1.5. Placa de Ensaio ou Protoboard

Uma placa de ensaio (geralmente conhecida como protoboard, do inglês) é uma placa com furos e conexões condutoras, utilizada para fazer montagens provisórias, protótipos, teste de projetos ou até mesmo projetos finais, além de inúmeras outras aplicações. Sua arquitetura é formada por uma base plástica, com orifícios destinados à inserção de terminais de componentes eletrônicos, onde internamente existem ligações determinadas que interconectam tais orifícios, permitindo a montagem de circuitos eletrônicos. Uma grande vantagem de seu uso é a possibilidade de componente ser facilmente retirados para serem utilizados posteriormente em novas montagens, uma vez que a ligação de componentes em uma protoboard não necessita de soldagem.

A protoboard organiza seus orifícios de forma que fiquem dispostos em colunas e linhas, em que, as linhas estão posicionadas nas extremidades e as colunas no centro (tendo como referência a protoboard na vertical, como mostra a imagem). As colunas, onde são inseridos os componentes eletrônicos do circuito (também chamada de área de trabalho), são formadas por orifícios verticalmente conectados entre si e não possuem conexões internas com outras colunas. De forma análoga, as linhas, por onde é feita a alimentação do circuito, possuem orifícios conectados de forma horizontal (em uma mesma linha) e são eletricamente independentes, ou seja, não há conexão elétrica entre os furos de uma linha e de outra.

A imagem a seguir ilustra uma protoboard e suas interligações:

 

As placas variam de 800 furos até 6000 furos que geralmente suportam correntes entre 1A e 3A.

 

5.2.1.6. LEDs

O diodo emissor de luz (sigla LED advinda do inglês light-emitting diode), é um componente utilizado para a emissão de luz em locais e aplicações em que a utilização de uma lâmpada não é viável. É utilizado em projetos e produtos finais da área de microeletrônica atuando como um elemento visual para sinalização de avisos ou outras informações relevantes. Pode ser encontrado em diferentes escalas de tamanho com os maiores tamanhos presentes alguns modelos de semáforos, por exemplo.

Basicamente o LED é um diodo semicondutor emite luz visível quando é energizado, transformando energia elétrica em energia luminosa, processo que é chamado de eletroluminescência. A luz emitida pelo LED não é monocromática como de um laser, mas sim uma faixa pequena de cores determinadas pelo processo de dopagem que consiste em modificar atomicamente o cristal presente no componente.


Normalmente operam com tensões elétricas entre 1,5 V e 3,3 V e são polarizados, necessitando a identificação do terminal positivo e negativo. Nos LEDs redondos, a identificação é feita com o terminal negativo (cátodo) como sendo aquele posicionado junto a um pequeno chanfro na lateral da base circular ou sendo o terminal mais curto dos dois (“perna mais curta”).

                                                                    simbologia do LED

A vantagem de sua utilização se dá pelo seu baixo consumo de energia elétrica, com alto rendimento (pouca dissipação de energia) e longa vida útil.

 


5.2.1.7. Resistores

Resistores são dispositivos elétricos geralmente utilizados para controlar a passagem de corrente elétrica em circuitos elétricos por meio do efeito Joule que converte energia elétrica em energia térmica. A característica destes componentes é resistência à passagem de corrente elétrica através de seu material, chamada de resistência elétrica ou impedância, que possui como unidade o ohm.

Seu funcionamento baseia-se em causar uma queda de tensão no local em que for posicionado no circuito elétrico, não causando diretamente uma queda de corrente elétrica, ou seja, a corrente elétrica que entra em um terminal do resistor é exatamente a mesma que sai pelo outro, porém com uma queda de tensão, com isso, o fluxo de corrente é controlado.

Os resistores podem ser fixos ou variáveis, aqueles cuja resistência elétrica varia com a temperatura são chamados de termorresistores, aqueles que variam de resistência quando iluminados, que são chamados de fotorresistores e os que apresentam resistência fixa (ideais), conhecidos como resistores ôhmicos.

A resistência dos resistores e sua tolerância são identificados por uma sequência de cores impressa no próprio corpo do resistor, conhecida como código de cores.

 

5.2.2. O Código

O código de programação elaborado para dar funcionamento ao projeto e coordenar o conjunto de operações necessárias para alcançar os objetivos traçados está apresentado a seguir:

 

 

// ---- Bibliotecas ----

#include <OneWire.h>

#include <DallasTemperature.h>

#include <SD.h>

#include <SPI.h>

#include <dht.h>

 

// ----- Mapeamento -----

#define DS18B20_OneWire 3

#define dht_pin 7

 

// ----- Declaração de Objetos ------

OneWire oneWire(DS18B20_OneWire);

DallasTemperature sensortemp(&oneWire);

dht my_dht;

File myFile;

 

// ----- Variáveis ------

int pinoSS = 10;

int ndispositivos = 0;

float temperatura_interna;

float temperatura_amb = 0x00;

float umidade_ar = 0x00;

 

// ---- Configurações -----

void setup()  {

      sensortemp.begin();

      sensortemp.setResolution(12);

      pinMode(pinoSS, OUTPUT);

      pinMode(4,OUTPUT);

      pinMode(5,OUTPUT);

      if (SD.begin()){

            digitalWrite(4,HIGH);

            delay(2000);

            digitalWrite(4,LOW);

      }

      else {

            digitalWrite(5,HIGH);

            return;

      }

      myFile = SD.open("dados.txt", FILE_WRITE);

      if (myFile){

            myFile.print("Encontrados ");

                  ndispositivos = sensortemp.getDeviceCount();

                  myFile.print(ndispositivos, DEC);

                  myFile.println(" dispositivos.");

                  myFile.println("");

                  myFile.close();

                  return;

      }

}

 

 

// ----- Loop ------ 

void loop() {

      // Leitura da Temperatura Interna

      sensortemp.requestTemperatures();

      for (int i = 0;  i < ndispositivos;  i++) {

 

            myFile = SD.open("dados.txt", FILE_WRITE);

 

            if (myFile) {

                  myFile.print("Sensor ");

                  myFile.print(i+1);

                  myFile.print(": ");

                  temperatura_interna = sensortemp.getTempCByIndex(i);

                  myFile.print(temperatura_interna);

                  myFile.println("ºC");

                  myFile.println("");

                  myFile.close();

            }

            else {

                        digitalWrite(5,HIGH);

                        return;

            }

      }

 

      //Leitura da Temperatura e Umidade Externa

      my_dht.read11(dht_pin);

      temperatura_amb = my_dht.temperature;

      umidade_ar = my_dht.humidity;

 

      myFile = SD.open("dados.txt", FILE_WRITE);

   

      if (myFile) {

                  myFile.print("Temperatura Ambiente: ");

                  myFile.print(temperatura_amb);

                  myFile.print("°C");

                  myFile.print("\t");

                  myFile.print("Umidade do ar: ");

                  myFile.print(umidade_ar);

                  myFile.print("%");

                  myFile.println("");

                  myFile.println("---------------------------------");

                  myFile.println("");

                  myFile.close();

      }

      else {

                  digitalWrite(5,HIGH);

                  return;

      }

      delay(900000);

}

 

Inicialmente começamos pela importação das bibliotecas que representam um conjunto de instruções desenvolvidas para executar tarefas específicas relacionadas a um determinado dispositivo. Muitas das vezes, para o uso de sensores e outros componentes em um Arduino, é necessário um conjunto de operações lógicas complexas para realizar uma simples ação, com isso, as bibliotecas armazenam tais operações e agrupam em um único comando a ser inserido pelo usuário, deixando o código mais simples e organizado. O ambiente de desenvolvimento dos códigos para o Arduino, a IDE, permite a importação de bibliotecas por meio de arquivos zipados (.zip) baixadas externamente em fóruns da comunidade ou por meio da janela de pesquisa e download de bibliotecas. Além disso, algumas bibliotecas já estão inseridas na própria IDE apenas necessitando do comando para importá-las.

Conforme visto, o Sensor DS18B20 produzido pela empresa Dallas Instruments utiliza protocolo de comunicação OneWire cujo qual é bastante complexo em termos de programação e requer uma quantia de variáveis considerável para a análise de comunicação. Deste modo, para auxiliar no desenvolvimento do código e diminuir sua complexidade, utilizamos a biblioteca “DallasTemperature.h” para verificação de endereço de cada sensor e interpretação de dados obtidos.

Para auxiliar a biblioteca Dallas, incluímos também biblioteca “OneWire.h”, que é responsável por assegurar o sistema de comunicação por um fio e consequentemente a interpretação dos dados gerados pelos sensores DS18B20 através de um único pino do Arduino.

#include <OneWire.h>

#include <DallasTemperature.h>

 

Ambas as bibliotecas foram incluídas através da IDE do Arduino...

Para a utilização do Módulo Cartão Micro SD no projeto, também é necessário o uso de duas bibliotecas já disponíveis na IDE Arduino que estão relacionadas ao sistema de comunicação SPI e o reconhecimento do cartão micro SD, bem como a criação de um arquivo .txt e escrita dos dados em seu interior. Portanto, fazemos a inclusão das bibliotecas “SD.h” e “SPI.h”

#include <SD.h>

#include <SPI.h>

 

Por fim, para o uso do sensor de temperatura e umidade DHT11, também se fez necessário o uso de uma biblioteca que facilita sua utilização e simplifica o código, neste caso a biblioteca usada foi a biblioteca “dht.h”, baixada e inserida por meio da opção de inclusão de bibliotecas .zip no IDE do Arduino

#include <dht.h>

Na seção de mapeamento, fazemos o registro dos componentes que estão localizados nas portas digitais do Arduino, fazendo com o número da porta seja facilmente identificado pelo componente que ali está conectado. Definimos, portanto, a porta digital 3 como correspondente ao conjunto de sensores de temperatura DS18B20, chamados no código de “DS18B20_OneWire” e a porta digital 7 relacionada ao sensor de temperatura e umidade DHT11, nomeado por “dht_pin”.

#define DS18B20_OneWire 3

#define dht_pin 7

 

Na seção seguinte, é feita a declaração dos objetos utilizando as bibliotecas importadas, para a realização das funções solicitadas. Primeiramente, utilizando a biblioteca “OneWire.h”, é criado o objeto “oneWire” referenciando a porta onde estão conectados os sensores DS18B20 (definida como “DS18B20_OneWire”, que é referente à porta 3). Em seguida, com a biblioteca “DallasTemperature.h”, criamos o objeto “sensortemp” que usará em conjunto o objeto criado anteriormente (“&oneWire”). Além disso, também é necessário criarmos objetos para o uso do Módulo Cartão Micro SD e do sensor de temperatura e umidade DHT11. Para o DHT11, utiliza-se a biblioteca " dht.h " para criar um objeto que corresponde ao sensor utilizado no projeto, neste caso, nomeado por "my_dht ".

 Para o Módulo Cartão Micro SD é criado um objeto utilizando a função " File " das bibliotecas importadas para referenciar o arquivo que será criado no cartão de memória, este chamado de "myFile ".

Em seguida, na seção de declaração de variáveis, são criadas variáveis que serão relevantes para o funcionamento do código. A primeira "pinoSS ", de tipificação de número inteiro (“int”), recebe o numeral 10 e corresponde a porta do Arduino em que está inserido o pino CS (também conhecido como SS) do Módulo Cartão Micro SD, responsável pela comunicação entre o Arduino e o cartão de memória. A variável de número inteiro "ndispositivos" será responsável por armazenar o número de sensores DS18B20 que estão conectados no barramento, no processo de leitura dos dados destes sensores. O valor 0 foi atribuído apenas para a declaração da variável. Posteriormente definimos as variáveis de ponto flutuante (“float”) que armazenarão os dados respectivos as temperaturas e umidade lidas: "temperatura_interna" referente a temperatura interna lida pelos sensores DS18B20, "temperatura_amb" correspondente a temperatura ambiente lida pelo sensor DHT11 e "umidade_ar" relacionada a umidade do ar também lida pelo sensor DHT11.

O "void setup()" que será executado apenas uma vez pelo Arduino, define as configurações do sistema que foi montado. Inicialmente chamamos a função "begin()" que inicializa o barramento de dados dos sensores DS18B20 conectados e em seguida, atribui uma resolução de 12 bits a estes sensores. Posteriormente, por meio da função ”pinMode”, definimos a tipificação do pino correspondente a transferência de dados para o cartão de memória, sendo ele do tipo OUTPUT, possibilitando o envio de dados, definimos também os pinos 4 e 5 da mesma forma para que possam enviar informações aos LEDs onde estão conectados. Seguindo o código, temos um conjunto condicional que nos permite visualizar a inicialização do cartão de memória, onde, por meio da função "begin()" o cartão de memória é inicializado, caso este processo ocorra com sucesso, o programa envia uma informação para acender o LED verde (conectado na porta 5), indicando que o procedimento foi bem sucedido. Caso este processo apresente algum erro e não consiga inicializar o cartão micro SD, talvez por um cartão danificado ou mal colocado, o programa emite a informação de acender o LED vermelho (conectado na porta 4). Após este processo, com a função "open" da biblioteca "SD.h", o programa abre o cartão de memória e cria um arquivo .txt chamado "dados" e o programa para a escrita de informações em seu interior por meio do comando "FILE_WRITE". Caso este processo seja bem sucedido, o programa inicia a verificação da quantidade de sensores DS18B20 conectados por meio da função “getDeviceCount()”, armazena na variável "ndispositivos" e grava no cartão de memória inserido a informação do número de dispositivos localizados e fecha o arquivo após a gravação dos dados com a função "close()"

O "void loop()" é responsável pela leitura e armazenamento dos dados que desejam der obtidos com os sensores conectados, sendo executado em loop pelo Arduino enquanto ele estiver em funcionamento. Nesta seção, primeiramente faz-se a requisição das temperaturas internas (corresponde ao interior do tanque de medição) lidas pelos sensores DS18B20 no barramento por meio da função "requestTemperatures()". Logo após isso, inicia-se o procedimento de leitura em cascata dos sensores DS18B20 através do loop simples pelo comando "for (int i = 0;  i < ndispositivos;  i++)", em que é feita a leitura de cada sensor de forma aleatória, porém ordenada sempre com a mesma sequência. Ao serem inicializados, foi atribuído a cada sensor um número natural “i” dentro do número total de sensores do projeto, dessa forma, o programa é capaz de identificar cada sensor individualmente e ler a temperatura de "i " (de um total de n sensores) por meio do comando “getTempCByIndex(i)”.  Neste procedimento de leitura, o programa abre novamente o arquivo .txt criado e armazena a temperatura de cada sensor (já lida em graus Celsius, no cartão de memória) de forma ordenada, até que sejam lidos todos os sensores do barramento e fechando o arquivo após a escrita. Caso o procedimento de abertura do arquivo .txt criado e escrita no cartão de memória não seja realizado corretamente, o programa aciona o LED vermelho para a indicação.

Após este conjunto de operações, o programa segue para a leitura da temperatura ambiente e umidade no sensor DHT11, inicialmente programando-o para que sejam lidas as informações por ele extraídas através comando "read11" e em seguida armazenando nas variáveis criadas no início a temperatura lida com o comando "temperature" e, analogamente, a umidade com o comando "humidity", ambos executados para o objeto referente ao sensor DHT11 (“my_dht”).  Novamente o programa registra essas temperaturas no cartão de memória fechando-o após a operação. Da mesma forma que o caso anterior, se o procedimento de abertura do arquivo .txt criado e escrita no cartão de memória não seja realizado corretamente, o programa aciona o LED vermelho para a indicação.

A última linha do código indica o tempo em que o Arduino ficará parado em milissegundos por meio da função "delay", onde foi especificado o intervalo de 15 minutos (900000 milissegundos) para que o Arduino volte a executar o loop, iniciando uma nova sequência de leitura das temperaturas da água, da temperatura ambiente e umidade do ar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

6. Metodologia

6.1. Ideia Geral de Funcionamento do Projeto


Considerando o objetivo já traçado para o projeto, a abordagem a ser utilizada para modelar, a priori, um bom mapeamento da temperatura seguirá as recomendações da Embrapa, as quais orientam que as zonas críticas para tomadas de temperatura devem ser no fundo, na área central e no topo do recipiente. Considerando os recursos limitados para a execução do projeto, foi pensado em primeiro lugar que os sensores de temperatura sejam dispostos como esquematizado no modelo 3D a seguir.


 Seguindo então esse esquema simplificado, serão organizados os sensores nestes 3 pontos do plano XY da superfície: o ponto à esquerda em , o ponto central em , e o ponto à direita em , considerando, é claro, as extensões máximas do tanque nestas dimensões como x e y.

Definidos os pontos do plano XY superficial, a profundidade deve ser pensada no eixo Z. Será, então, definida a altura do tanque inicialmente genérica z, e dividida nas 3 zonas esquematizadas na figura, todas com mesma altura . Desse modo, o ponto à esquerda estará na altura , o ponto central em  e o ponto à direita em  . Desta forma, mantendo os pontos da superfície fixos e bem definidos, será possível determinar com exatidão os pontos no espaço em que se esteja tomando cada medida esperada. Assim, cada sensor de temperatura deverá ser disposto nas profundidades estabelecidas para atingir os 3 pontos de interesse, e toda a informação será levada para um dispositivo de Arduíno através de um sistema de cabos, a princípio mais viável economicamente. A central do Arduíno estará sendo alimentada por uma bateria 9V, que deve ser substituída durante o período de coleta de dados, se necessário, à medida que descarregar. A placa de Arduíno, ainda, será programada para ir tomando as medidas nestes pontos durante um determinado intervalo de tempo, de instantes em instantes pré-definidos, armazenando estes dados. Além disso, todo o circuito será montado em uma protoboard com os componentes específicos, devendo apenas soldar os cabos dos sensores de temperatura com as pontas necessárias para que sejam compatíveis com as entradas da protoboard.

A ideia principal é deixar o medidor coletando dados por grandes e críticos intervalos de tempo, como durante a noite, para analisar como se comportará a queda de temperatura em uma determinada estação do ano e suas possíveis quedas ou saltos. Desta forma, sendo inviável deixar o computador ligado recebendo os dados, será montado então um circuito que permitirá extrair estas informações para um cartão de memória, e posteriormente exportada para o computador interpretar estes dados. Será montado um circuito utilizando o Arduíno, uma protoboard, conectores do tipo jumper, alguns LEDs e alguns resistores. O circuito, então, será construído em uma protoboard com os componentes específicos, devendo apenas soldar os cabos dos sensores de temperatura com as pontas necessárias para que sejam compatíveis com as entradas da protoboard.

Além disso, o cartão de memória precisará de um módulo específico Leitor e Gravador para o Arduíno guardar esses dados, e no período em que o circuito não estiver sendo alimentado pelo computador, será então alimentado pela fonte portátil de energia, neste caso definida uma bateria.

Assim, os dados serão armazenados no cartão SD em um arquivo de texto, que irá registrar os dados tomados pelos sensores segundo a programação do Arduíno. Será possível, posteriormente, exportar estes dados para o computador através do cartão de memória e modelá-los em gráficos no software Excel, permitindo interpretar os valores medidos ao montar gráficos diferentes das temperaturas em função do tempo. É importante destacar que o horário de medição inicial deve ser anotado, pois o dispositivo será capaz somente de guardar as medições de temperatura, e os dados temporais deverão ser registrados manualmente de acordo com o intervalo de tempo pré-estabelecido na programação do Arduíno. Neste caso, medidas tomadas de 15 em 15 minutos. Com esta abordagem, será possível então montar 3 gráficos, um para cada ponto de interesse, e mapear a temperatura nestas 3 alturas com o passar do tempo.

Destaca-se, ainda, que o projeto contará com um sensor DHT11, que fará leituras e registros da temperatura ambiente e umidade do ar, sendo possível monitorar e entender como as temperaturas do próprio tanque variam durante o dia de acordo com o ambiente externo. Sendo assim, com todos estes quatro gráficos, o usuário será capaz de entender como a temperatura da água de sua criação se comportará em cada altura de coluna líquida, sendo possível então a aplicação do projeto no contexto da piscicultura para evitar a morte de seus peixes por descuidos na temperatura.

Portanto, mais do que a construção de um dispositivo capaz de monitorar a temperatura da água de sua criação, o projeto em questão visa trazer o estudo destas aplicações para avaliar a sua eficiência em uma situação real de tanque de criação de peixes. Isso será, então, viabilizado pela análise gráfica do comportamento da temperatura nos pontos de interesse, em alguns tanques de caixas d’água.

 

6.2. Montagem do Projeto

O esquema apresentado no tópico anterior visa dar uma ideia geral da aplicação do projeto. Na impossibilidade de aplicá-lo em um local de criação real de peixes, a montagem será simplificada em uma caixa d’água caseira, que conta com fluxo de água constante durante todo o período de montagem e coleta dos dados. Esta, então, será feita durante um período de aproximadamente 24 horas, em duas situações distintas, a serem explicitadas a seguir.

 

6.2.1. Local da Experimentação


Todo o âmbito experimental do projeto foi realizado na própria casa de um dos integrantes. Nesse sentido, ambas as experiências foram feitas no mesmo tanque d’água, diferenciando-se uma da outra unicamente pela montagem e disposição dos sensores. A montagem pode ser observada a seguir:

Além da montagem na caixa d’água, todo o circuito elétrico foi montado em uma caixa à parte para se proteger de eventuais chuvas ou acontecimentos externos. Além disso, foi introduzida nesta caixa fechada uma câmera Gopro, para monitoramento em tempo real e verificação do bom funcionamento das baterias, com a indicação luminosa na placa de Arduíno, sendo necessário apenas trocar as baterias da própria câmera, que não está integrada diretamente no circuito elétrico




6.2.2. Caixa d’água nº 1

   A primeira abordagem será realizada seguindo as recomendações da Embrapa, como consta no tópico 3.1. Diante disso, os sensores de temperatura serão dispostos no tanque nas três profundidades distintas e nos pontos esperados, igualmente separados, como na montagem a seguir, em que o sensor da esquerda se encontra na parte mais funda, o do meio em altura intermediária e o da direita na parte mais rasa.


 1

Com a montagem apresentada, será possível analisar o comportamento da temperatura da água armazenada nestas três profundidades. Mais do que isso, o projeto comprovará a Literatura relacionada que apresenta que, para tanques de menores dimensões, as três faixas de temperatura podem ser aproximadas para apenas duas faixas, pois as temperaturas no raso e no meio, sendo significativa somente a comparação com a temperatura do fundo do tanque. Portanto, neste caso de criação para tanques menores e até domiciliares, será possível uma outra aplicação do projeto em questão.

 

6.2.3. Caixa d’água nº 2


Sendo possível comprovar a Literatura apresentada no presente projeto e, mais especificamente, nos tópicos (...) e 3.2.2, a segunda abordagem experimental será então realizada com os sensores de temperatura dispostos em duas profundidades: fundo e raso, simplesmente.

             


Com esta presente disposição dos sensores, o terceiro sensor será então colocado junto à entrada de água no tanque, a fim de buscar analisar o comportamento da temperatura de entrada de água e como
esta se dilui nas duas diferentes faixas de temperatura significativas da caixa d’água em questão. A montagem pode ser observada mais de perto na figura a seguir, com o terceiro sensor bem próximo de onde a água entra.

     


6.2.4. Possíveis Erros na Experimentação

Como toda e qualquer metodologia empírica, o projeto em questão apresentará possíveis erros em sua execução, que devem ser levados em conta na análise posterior dos dados coletados. O mais significativo é o erro associado aos equipamentos de medida e sensores em questão. Os sensores de temperatura Ds18b20, à prova d’água, apresentam uma boa precisão de duas casas decimais. Já o sensor DHT11 de temperatura e umidade possui precisão de nenhuma casa decimal, e anota apenas valores inteiros das temperaturas externas. As medidas tomadas por este segundo sensor, portanto, apresentarão uma precisão bem menor para se comparar com o outro sensor de temperatura, sendo bem menos sensível a pequenas variações das condições do ambiente durante o dia e à noite, mas apenas variações acima de 1 grau Celsius.

 Outro ponto que deve ser destacado na experimentação é que os dados deverão ser repassados ao software de interesse de forma manual, devido à disposição do print programada previamente no Arduíno na linguagem específica. Apesar de deixar os resultados esteticamente mais bem apresentáveis, isso dificultará na exportação deles para o Excel, pois não será possível exportá-los de forma tão automática. A tantos valores coletados – ao menos 5 medições por cada tomada de dados – deve-se, então, levar em conta o erro associado do operador ao lidar com tantos dados de forma manual.

Além destes, devido à impossibilidade de se aplicar no projeto um cronômetro para gerar os dados de tempo de forma automática, cabe também ao usuário delimitar o tempo de 15 em 15 minutos contados a partir do início de seu funcionamento. Portanto, os pares de dados de temperatura e tempo não serão fielmente relacionados, além de uma baixa precisão no controle do tempo pelo próprio usuário em anotar apenas os horários inicial e final. Para este ponto, seria interessante adicionar em aplicações futuras um cronômetro integrado na própria montagem e programação do Arduíno.

 

7. Custos

 

Materiais utilizados

 

 

Custos

 

 

 

Kit: Arduino + Protoboard + Jumpers + Resistores + Conector de Bateria + Módulo de Temperatura e Umidade + LEDs + Cabo USB

 

 

 

R$ 115,00

 

 

 

 

Módulo Cartão Micro SD (1 unid.)

 

R$ 15,50

 

 

 

 

Sensores de Temperatura (3 unid.)

 

 

R$ 100,35

 

 

 

 

Baterias (3 unid.)

 

 

R$ 65,00

 

 

 

 

Caixa d’água + Notebook + Cartão SD

 

 

R$ 0

 

 

 

 

Frete

 

 

R$ 20,00

 

 

 

 

Total

 

 

R$ 315,85

 




























• Arduino

- Modelo: Arduino UNO R3;

- Saídas digitais: 14;

- Saídas analógicas: 6;

- Dimensões: 68 x 53 x 10 mm.

• Protoboard

- Pinos: 400;
- Material: Plástico ABS;
- Dimensões: 83 x 55 x 10 mm.

 

• Jumpers

- Tipo: Macho x Macho;
- Material: Cobre;
- Comprimento do fio: 20 cm.

 

• Resistores

- Resistor de 10K Ohms (1 unid.);

- Cores: Amarelo, roxo, vermelho e dourado;

- Tolerância: 5%.

- Resistor de 220 Ohms (2 unid.);

- Cores: Vermelho, vermelho, marrom e dourado;

- Tolerância: 5%.

• Conector de Bateria

- Conexão para bateria 9 V;
- Comprimento do cabo: 15 cm.

• Módulo de Temperatura e Umidade

- Modelo: DHT11;
- Dimensões: 23 x 12 x 5 mm.

 

• LEDs

- LED verde (1 unid.);

- LED vermelho (1 unid.);

- Diâmetro: 5 mm.

 

• Módulo Cartão Micro SD

- Comunicação SPI;

- Perfuração para fácil fixação;

- Dimensões: 42 x 24 x 3,5 mm.

 

Sensores de temperatura

- Modelo: Ds18b20 Waterproof;

- Encapsulamento em aço inoxidável;
- Dimensão do encapsulamento: 6 x 50 mm;
- Comprimento do cabo: 3 m.

 

• Baterias

- Bateria 9V;
- Marcas: Rayovac e Duracell
- Tipo: Alcalina;
- Dimensões: 47 x 26 x 17 mm.

 

Caixa d’água

- Material: Polietileno;
- Capacidade: 1000 L;
- Altura sem tampa: 0,76 m;
- Diâmetro sem tampa: 1,51 m.

• Cartão SD

- Capacidade: 2 GB;

- Formato: Micro SD

 

   O kit (Arduino + Protoboard + Jumpers + Resistores + Conector de bateria + Módulo de temperatura e umidade + LEDs + Cabo USB), os sensores de temperatura e o módulo cartão micro SD foram comprados no Mercado Livre. Já as baterias foram adquiridas em um supermercado da região. Os demais materiais, caixa d’água, notebook e Cartão SD, não geraram custos, uma vez que já dispúnhamos deles.

   O custo total do projeto (R$ 315,85) foi divido entre os 4 integrantes igualmente, ou seja,

R$ 79,00 para cada. 

 

8. Cronograma

Dias gastos

Objetivos

Fase 1

 

20/05 a 27/05

 

Obtenção de literaturas sobre o assunto; busca e compra dos materiais

 

Fase 2

 

27/05 a 03/06

 

Desenvolvimento prático da montagem; entendimento da programação.

 

Fase 3

 

03/06 a 07/06

 

Período de experimentação, obtenção e tratamento dos dados; início primitivo da elaboração textual do projeto.

Fase 4

 

07/06 a 17/06

 

Ênfase total na elaboração textual; ajustes finais que sejam necessários para o aprimoramento do projeto.

Final

 

17/06

 

Finalização total do projeto.

20/05 a 27/05: Na fase 1, obtivemos as literaturas necessárias sobre o assunto, além da compra dos materiais necessários que usamos nas medições das temperaturas ao decorrer do dia.

27/05 a 03/06: Na fase 2 a montagem se inicia; complementamos as formas que o projeto tomará com o uso do Arduino, bem como também a fase de aprendizado da programação necessária para a construção do receptor de dados.

03/06 a 07/06: Com o protótipo já pronto, começamos na fase 3 com os experimentos já com a aquisição dos dados, começamos com os estudos deles e com isso também a elaboração textual do projeto.

07/06 a 17/06: Demos ênfase à elaboração completa projeto já com os resultados obtidos e fizemos as modificações necessárias para o refinamento da parte teórica, na fase 4.

17/06: Temos a totalidade do projeto

As literaturas foram recolhidas no intervalo de sete dias, iniciando no dia 20/05 e terminando no dia 27/05, além disso, a compra dos materiais que usamos para montar nosso dispositivo foi efetuado nessa semana. A principais peças chegaram logo em seguida do termino do prazo da literatura, nos dias 28/05 e 29/05.

Com essas já em nossas mãos, iniciamos a montagem do dispositivo e, em paralelo a isso, o estudo sobre a programação usada para a placa de Arduino foi iniciado. O prazo foi cumprido e terminamos a montagem juntamente com o estudo da programação, ambos no dia 02/06. Logo em seguida, pequenos testes no Arduino foram feitos, já com todos os sensores funcionando, na busca de validar tanto o código escrito quanto o funcionamento dos sensores acoplado à placa lógica.

Ao atestarmos que os sensores estavam trabalhando em perfeito estado, começamos os testes práticos nos tanques. O primeiro tanque fora testado nos dias 03/06 e 04/06, logo em seguida os testes do segundo tanque começaram, finalizado ambos no dia 06/06. O tratamento dos dados começou no dia 07/06.

Em uma análise geral simplificada, esse projeto caminhou dentro do cronograma estipulado do início ao fim, onde conseguimos manter as metas com certa folga de tempo em relação uma com as outras. Pequenas adversidades sobre a construção, estudos de programação e localidade climática foram identificadas e solucionadas de forma quase imediata, não comprometendo o andamento total e fidelizando as predições que o cronograma nos trazia.  

 

9. Resultados e discussão

Com a experimentação realizada para demonstrar o funcionamento deste projeto, foram extraídos dados dos sensores presentes e eles foram armazenados em um cartão micro SD de forma que ficaram contidos em um arquivo de texto da seguinte forma

O intuito da primeira experimentação é demonstrar que o funcionamento do projeto segue a literatura apresentada para tanques de pequeno porte, uma vez que o teste foi realizado em uma caixa d'água. Os dados presentes no cartão micro SD para esta experimentação e os erros associados a medição das temperaturas (representados pela menor medida por se tratar de um termômetro digital), foram dispostos na forma de tabelas confeccionadas no software Excel, como apresenta a figura a seguir:


Foram feitas tabelas registrando as medições feitas em cada horário de cada um dos sensores imersos na água, referentes a cada uma das profundidades em que foram posicionados (raso, meio e fundo). Além disso, foram feitas tabelas correspondentes à temperatura ambiente e à umidade do ar, grandezas mensuradas pelo sensor DHT11 localizado fora da água.

Dispondo dessas tabelas, no próprio software Excel, foram feitos gráficos correspondentes a cada uma das tabelas para a leitura visual das variações da temperatura em função do horário durante o período de aproximadamente 24 horas. Dessa forma, foram confeccionados gráficos da temperatura em função do horário de medição de cada sensor imerso na água referente a cada uma das profundidades dentro da caixa d'água e um gráfico para cada uma das medições realizadas no ambiente: temperatura e umidade. Estes gráficos estão representados a seguir:






Com o intuito de comparar as medições realizadas no tanque em cada uma das profundidades, também foi confeccionado um gráfico contendo a variação da temperatura nas três profundidades diferentes em função do horário da medição:

 


Por fim, também foi feito um gráfico com a variação dos três sensores imersos na água juntamente com a variação da temperatura ambiente com relação ao horário de cada medição durante o dia:

 


Com todos estes gráficos em mãos, é possível realizar diversas análises conforme a necessidade e o objetivo a ser alcançado pelo piscicultor, sendo capaz de analisar individualmente a variação da temperatura em cada uma das profundidades, compará-las em conjunto ou ainda visualizar a variação da temperatura ambiente e da umidade do ar durante o funcionamento do projeto.

Analisando o gráfico que contém a variação da temperatura nos três sensores em função do tempo, pode-se notar que a variação da temperatura no sensor posicionado na região rasa do tanque é aproximadamente igual a variação no sensor posicionado na região do meio do tanque, uma vez que, analisando visualmente o gráfico, na maioria das medições, as curvas dos sensores posicionados no raso e no meio do tanque caminharam com bastante proximidade. Ambas as variações diferem de forma considerável da variação observada no fundo do tanque em todas as medições.

Deste modo, é possível inferir que as medições dos sensores posicionados no raso e no meio do tanque correspondem a uma única faixa de água, conforme o fenômeno da estratificação térmica, enquanto que o sensor posicionado no fundo do tanque, é referente a uma outra faixa de água com temperatura inferior. Temos, portanto, conformidade com a literatura correspondente ao fenômeno de estratificação térmica para tanques rasos, como caixas d’água, uma vez que, temos a formação de duas faixas de temperatura na água, sendo a temperatura inferior àquela medida pelo sensor posicionado no fundo do tanque.

Para a segunda experimentação, uma vez comprovada a existência de duas faixas de temperatura na caixa d'água, o foco se voltou para uma análise mais realista da temperatura do tanque, realizando medições da temperatura da água que entra na caixa d'água, uma situação bastante recorrente em tanques de Piscicultura, e verificando sua influência na temperatura das duas faixas de água com temperaturas distintas. Além disso, realizou-se novamente a extração da temperatura ambiente e umidade do ar para simular uma situação real de aplicação do projeto em um tanque raso de Piscicultura.

Novamente os dados foram extraídos e armazenados em um arquivo de texto no cartão de memória, de forma que estavam dispostos da seguinte forma:

 

Os dados e os erros associados a medição das temperaturas (representados pela menor medida por se tratar de um termômetro digital) foram exportados para uma planilha Excel pra a confecção de tabelas para cada um dos parâmetros mensurados pelo protótipo:

 


Em semelhança a experimentação anterior, dispondo de tais tabelas, foram feitos gráficos ilustrando visualmente a variação do parâmetro em função do horário da medição, tendo, portanto, um gráfico para a variação da temperatura da água que entra na caixa d'água com relação ao horário de medição, um gráfico para cada sensor imerso na água (um posicionado no raso e outro posicionado no fundo do tanque) e gráficos individuais para temperatura ambiente e umidade do ar.

 







Além disso, foram elaborados gráficos comparativos agrupando as variações de temperatura dos três sensores posicionados na caixa d'água (entrada, raso e fundo) visando a comparação e a análise da influência da temperatura da água de entrada no tanque:

 

Finalmente, analogamente a experimentação anterior, foi acrescentado ao gráfico anterior a variação da temperatura ambiente para a visualização de sua variação em comparação a variação de temperatura em cada um dos sensores imersos em água:

 


Analisando o gráfico que agrupa a variação dos três sensores em água com relação ao horário de medição vemos algo que já era esperado: a temperatura da água que entra no tanque influencia diretamente na temperatura das duas faixas de água formadas pela estratificação térmica, elevando a temperatura de ambas as faixas quando entra uma água mais quente e o inverso quando entra uma água de temperatura mais baixa. Porém, com uma análise mais cautelosa podemos perceber um certo comportamento com relação a influência da temperatura da água que entra no tanque.

Tomando de análise o período do dia em que a temperatura da água que adentrava o tanque ia reduzindo, ou seja, entre o início da medição até o horário das 8:40, podemos perceber que, com o decréscimo da temperatura da água de entrada, há uma maior influência na temperatura da região superior do tanque, identificada pelo sensor posicionado no raso, diminuindo a temperatura dessa região em aproximadamente 2,6ºC, enquanto que, na região inferior, no fundo do tanque, a temperatura decaiu em apenas 1,7ºC, diminuindo a diferença da temperatura entre as regiões formadas pela estratificação térmica.

Deste modo, a temperatura da água de entrada exerce maior influência na temperatura da região superior do tanque, sendo assim, o piscicultor poderia variar a temperatura de entrada para modificar a temperatura rasa, conforme seu objetivo. O fato abordado pode ser ilustrado pela representação abaixo:

 


Com relação aos gráficos da temperatura ambiente e da umidade do ar, podemos perceber como a variação da temperatura do ambiente está relacionada com a temperatura em cada faixa de profundidade em determinados horários do dia, estando próxima da temperatura da região funda no período da madrugada e próxima da temperatura no raso no período da manhã. Já a medição da umidade do ar durante o tempo indica maiores valores durante parte da madrugada e da manhã, enquanto no período da tarde ela apresenta menores índices. Tais valores estão relacionados à taxa de evaporação da água e podem indicar um aumento de fluxo na entrada de água com o objetivo de manter o nível de água do tanque constante.

Por fim, fazendo uma análise mais relacionada com a atividade da piscicultura, caso estes dados fossem correspondentes a um tanque de criação de peixes, o piscicultor em questão deveria atentar-se ao fato de que, nas condições de operação, a análise realizada indicou que no período da madrugada e início da manhã, as temperaturas no raso e no fundo estavam ambas abaixo dos 26°C, algo que é prejudicial para a maioria das espécies tropicais de peixes, dessa forma, seria necessário a intensificação do aquecimento neste período. Ademais, conforme indicam os gráficos, a temperatura no fundo do tanque é inferior à temperatura na parte rasa, portanto, a fim de manter a temperatura constante no tanque para determinado tipo de espécie, os esforços de aquecimento deveriam ser direcionados ao fundo da caixa d’água.

 

10. Conclusão

Conforme o exposto, é possível concluir que o projeto é funcional e atinge os objetivos propostos. Isso se deu ao confirmar as proposições da Literatura que dizem respeito à descrição de fenômenos reais ao comprovar o fenômeno da estratificação através do mapeamento, possível pela análise gráfica. Além disso, o projeto se mostra como uma ótima alternativa de baixo custo para o estudo da temperatura da água em tanques de pequeno a médio porte, a fim de evitar a mortalidade dos peixes e aumentar o controle e produtividade da criação. É possível destacar, ainda, os possíveis adjacentes que o presente projeto ainda apresenta para crescer com mais investimento e tempo hábil: é possível explorar ainda melhor a programação para se automatizar a conversão dos dados no arquivo de texto para os gráficos, que foi feita manualmente. Ademais, o sensor de temperatura apresenta funções inexploradas de alarme, que podem ser integradas na automação a ser explorada para alertar o criador em tempo real das alterações de temperatura. Apesar disso, dentro das limitações físicas, econômicas e temporais, o projeto alcançou o seu objetivo inicial de mapear a temperatura proposto no contexto da piscicultura.

 

11. Referências Bibliográficas

LEIRA, M. H. et al. Qualidade da água e seu uso em pisciculturas. Pubvet, v. 11, n. 1, p. 11–17, 2017.

ITUASSÚ, D. R.; SC, M. Princípios de qualidade de água no planeta. Embrapa, 2014.

Coleção SENAR – 262. Piscicultura: manejo da água. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, Brasília, 2019.

OLIVEIRA, W. H. DE. Qualidade Da Água E Desempenho De Juvenis De Tambaqui. v. d, p. 1–5, 2015.

http://www.fao.org/3/AB486P/AB486P08.htm

https://www.engepesca.com.br/post/piscicultura-tudo-que-voce-precisa-saber-sobre-criacao-de-peixes

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Placa_de_ensaio

https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-led.htm

https://pt.wikipedia.org/wiki/Diodo_emissor_de_luz

https://pt.wikipedia.org/wiki/Resistor