terça-feira, 30 de novembro de 2021

MEDIÇÃO DA DISTÂNCIA DE SEGURANÇA FRONTAL COM USO DO ARDUINO


Bryan Sanchez Heringer - 201910564 e Lavínia Nunes Louzada - 201910547


 1. Resumo

A distância de segurança frontal entre automóvel é de extrema importância para evitar colisões, visto que o motorista terá espaço suficiente para reagir a tempo de evitar um acidente frontal de seu veículo, ou pelo menos tentar reduzir os danos se este acontecer. Tal distância pode ser monitorada por meio de um sensor e demais ferramentas tecnológicas, como o Arduino. Ela é medida de acordo com a velocidade que o automóvel se encontra e pode ser comparada com os valores reais e teóricos da física cinemática.

2. Objetivo

Esse projeto objetiva o desenvolvimento de um protótipo de segurança ativa para automóveis que alerta o motorista de que a distância entre o veículo dirigido e o que segue à frente deste é segura, promovendo maior comodidade e segurança ao motorista através dessa automatização. Com este projeto, é possível aplicar os conceitos da física no dia a dia através da montagem da estrutura lógica de controle do protótipo.

3. Introdução e Objeto de Estudo

Há diversas ferramentas tecnológicas que são utilizadas a favor do ser humano. Neste projeto será desenvolvida uma delas, a qual objetiva auxiliar o motorista a evitar acidentes e imprevistos durante sua trajetória no automóvel dirigido e no que se encontra à frente. Sabe-se que, atualmente, grande parte da população faz constante uso de automóveis, o que têm causado trânsito e congestionamentos em grandes cidades, bem como tendo como consequência nervosismo e falta de atenção durante sua condução.

Vale ressaltar que, de acordo com a Lei 9.503 de 23 de setembro de 1997, que trata do Código de Trânsito Brasileiro [LEI 9503/BRASIL, 2008]:

“Art. 23, inciso II,
O condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da circulação,do veículo e as condições climáticas;”

Muitas situações no trânsito acontecem de forma natural. Esse automatismo no trânsito esconde um problema que está na base de muitos acidentes, pois embora muito atento, em condições normais, o cérebro demora alguns tempo para reagir a determinadas situações. [DENATRAN, 2005]

3.1. Tempo de reação e frenagem do motorista em casos de acidentes

O tempo de percepção é o período que o motorista demora a perceber um obstáculo diante de seu veículo. O tempo de reação é o tempo que o motorista demora para acionar o freio do veículo tentando evitar um acidente. Esse tempo de reação e percepção é diretamente ligado à condição do motorista, e é afetado caso o motorista esteja sob efeitos de medicamentos ou algum tipo de droga, de acordo com a iluminação da via ou idade do condutor, entre outros. [Aragão, 2003].

Um estudo sobre tempo de reação apontado por Aragão indica que o tempo percepção-resposta (percepção+reação), estando o motorista em condições normais, apresenta uma variação de 0,75s a 1,5s. Neste estudo o tempo de reação médio escolhido para todas as deduções práticas foi de 1 segundo. [Aragão, 2003, pág. 234].

Aplicando o tempo de reação de 1 segundo (veículo mantendo a velocidade constante até o momento de frenagem), temos que a 80 km/h, aproximadamente 22,2 m/s, seriam necessários 22,2 metros apenas para o motorista reagir para pisar no freio. Somado a distância percorrida durante a ação dos freios, considerando o coeficiente de atrito tabelado em estradas demonstrado a seguir, temos 31,4 metros. Dessa maneira seriam na verdade necessários 53,6 metros ao todo como distância segura de um veículo para a reação de um acidente.


Tabela 1 - coeficiente de atrito em alguns tipos de pavimentação [Aragão, 2003]

Logo, entende-se a necessidade em manter a distância de segurança, bem como a importância do protótipo a ser desenvolvido neste projeto. No entanto, para total entendimento sobre essa ação, é necessário conhecimento sobre a física, especialmente, sobre os conceitos da cinemática.

3.2. A física

Quando um veículo percorre espaços iguais em tempos iguais e em velocidade constante diferente de zero, é considerado que o mesmo se encontra em Movimento Uniforme (MU). [NUSSENZVEIG, 2002].

Assim, para analisar tal movimento é utilizado a função horária abaixo:

S(t) = S0 + V*t  (equação 1)
sendo que: S(t) = posição ocupada no tempo; S0 = posição de origem; V= velocidade; t= tempo

Entretanto, para manter a distância de segurança é necessário que o carro diminua sua velocidade, fazendo com que tenha uma variação. Logo, tem-se o chamado Movimento Uniformemente Variado, o qual considera alteração da velocidade por meio da aceleração. “O movimento será retardado,..., quando o valor absoluto da velocidade decresce; em cada unidade de tempo, o móvel percorre distância menor que na anterior” [Aragão, 2003, pág 168]. Para este movimento tem-se outra função horária.

S(t) = S0 + V0*.t + ( ½ a*t²) (equação 2)
sendo que: S(t) = posição ocupada no tempo; S0 = posição de origem; V0= velocidade inicial; t= tempo e a= aceleração

Por fim, a Equação de Torricelli:

ܸV² = V0² + 2*a*S (equação 3)
sendo que: V= velocidade final; V0= velocidade inicial; S= variação da distância de posição e a= aceleração

Também há as Leis de Newton, as quais consistem em três conceitos. A nomeada Segunda Lei de Newton é fundamental para o entendimento do projeto, visto que ela é nomeada como Princípio Fundamental da Dinâmica, e prevê que: “A resultante das forças que atuam em um ponto é igual ao produto de sua massa pela aceleração adquirida:” [Aragão, 2003] [Nussenzveig, 2002] Logo, tem-se a equação:

Fr= m * a (equação 4)
sendo que: Fr= força resultante; m=massa e a= aceleração

Um estudo sobre tempo de reação apontado por Aragão indica que o tempo percepção-resposta (percepção+reação), estando o motorista em condições normais, apresenta uma variação de 0,75s a 1,5s. Neste estudo o tempo de reação médio escolhido para todas as deduções práticas foi de 1s. [Aragão, 2003, pág. 234]

A partir do conhecimento dessas equações, é possível relacionar uma com a outra. Na função horária do MU pode-se substituir o S0 por zero, uma vez que esta posição inicial como referência. Assim, tem-se a equação abaixo, sendo que, neste caso, o tempo será o de reação, equivalente a 1s.

S(t) = V*t (equação 1)
sendo que: S(t) = posição ocupada no tempo; V= velocidade e t= tempo de reação

Para o cálculo da distância percorrida durante a frenagem do veículo usa-se a equação de Torricelli relacionada com a Força de Atrito existente entre as rodas do carro e o chão.

S= V0² / 2*u*g (equação 5)
sendo que, S= distância percorrida, u= coeficiente de atrito e g= gravidade

visto que a= -u*g

Por fim, este trabalho será desenvolvido com base nas teorias mencionadas acima. Poderá solucionar o problema com a criação do protótipo e também estudar os princípios da cinemática.

4. Metodologia

O protótipo que será desenvolvido se baseia em um sistema que monitora a distância entre um veículo e outro obstáculo qualquer. Além da monitoração, o sistema alerta o motorista se, a determinada velocidade V, o condutor mantém distância segura em relação ao veículo que segue à frente. Neste projeto, a aplicação será realizada em carros de brinquedo, visto que envolve a redução de custos. Com o modelo em escala reduzida não é necessário usar sensores de proximidade mais caros que alcancem a distância de segurança mínima para determinadas velocidades. Também serão feitas variações no contexto em que o automóvel se encontra, por exemplo, o tipo de superfície que ele irá percorrer: como seca ou molhada, a fim de variar o coeficiente de atrito e diferentes velocidades, para melhor demonstrar situações reais do cotidiano, comparando os valores de distância em relação ao obstáculo quando o carro estiver parado.

Para demonstrar o protótipo foi utilizado um modelo em escala reduzida, de acordo com as limitações do sensor de distância ultra-sônico e microcontrolador, também para redução dos custos e levando em consideração a finalidade acadêmica do projeto. O ambiente a ser simulado é de veículos de passeio em bom estado de conservação (pneus e freios em boas condições), pista seca e condutor em estado normal.




Foi reproduzido uma pista reta, com medições pré estabelecidas com escalas de transformação de centímetros para metros, respeitando a proporcionalidade entre o tamanho de um carro popular, com o tamanho do carro de brinquedo teste. Mantendo as considerações reais sobre o tempo de reação de um motorista.

Da mesma forma, para a determinação da distância entre o carro teste e o obstáculo a frente, foi realizado um estudo comparativo entre os métodos de determinação de distância de segurança,  pelo tempo de reação médio de frenagem de um motorista através das ferramentas tecnológicas e pelo estudo da física cinemática.

5. Experimento

5.1. O circuito e o código

Para facilitar o entendimento do projeto, inicialmente, foi montado um circuito no TinkerCad, o qual se encontra ilustrado abaixo:


Além disso, para cumprir os objetivos de automatização do projeto, foi escrito um código detalhado, com todas as informações necessárias para analisar se as medidas de distância, velocidade e aceleração efetivam o funcionamento do circuito montado. Logo, tem-se o código:


5.2. Análise pelo Tracker

Para a determinação do coeficiente de atrito e avaliação do movimento acelerado de nosso objeto de estudo, foi utilizado a plataforma Tracker. Esta, foi usada para determinar os pontos de massa do carrinho em movimento acelerado e depois sua desaceleração pela força de atrito entre o pneu e o chão escolhido (o piso de porcelanato). Vale ressaltar que o carrinho apenas parou de acelerar até que parasse sozinho, uma vez que a sua inércia é consideravelmente pequena, e, caso o freio seja acionado, pararia imediatamente.

Após o posicionamento da plataforma de porcelanato e do carrinho posicionado à 4,70 metros do obstáculo de parada (simulando o acidente caso o carrinho colidir), foi gravado o vídeo para a realização da análise no Tracker conforme mostrado abaixo:

De acordo com a imagem 10 acima, tem-se a legenda abaixo para facilitar o entendimento:

Rosa: eixo (x,y)
Azul: fita métrica com escala comparada
Vermelho: pontos de massa determinados
Verde: distância entre a parada e a obstáculo de parada

A plataforma Tracker divide o vídeo através dos frames gravados e esses serão utilizados de parâmetro para a explicação, já que o arquivo de video.trk foi enviado junto a conclusão do projeto experimental em anexo.

A partir do experimento do Tracker, dois gráficos foram gerados. Em ambos é considerado os dois movimentos: acelerado e desacelerado.

A partir dos gráficos acima é possível observar em que momento o movimento desacelerado tem início e quando o carro é finalmente parado.

5.2.1. Do movimento acelerado

No vídeo, o movimento do carrinho é acelerado e atinge sua maior velocidade no frame 46 e a partir deste começa desacelerar, nos fornecendo os valores tabelados a seguir:

Tabela 1. Dados de distância e velocidade no eixo x e seu respectivo tempo Tabela 1. Dados de distância e velocidade no eixo x e seu respectivo tempo

Tendo que Vx = A*t*B
Tais dados nos fornece a seguinte regressão linear quanto à aceleração do sistema:

5.2.1. Do movimento retardado

No vídeo, o movimento do carrinho é retardado e vai desacelerando ate o frame 143 onde para completamente, nos fornecendo os valores tabelados a seguir:

Tabela 2. Parte 2 - Dados de distância e velocidade no eixo x e seu respectivo tempo

Tendo que Vx = A*t*B
Tais dados nos fornece a seguinte regressão linear quanto à aceleração do sistema:


5.2.3 Determinação do coeficiente de atrito

Para a determinação do coeficiente, será usado a segunda Lei de Newton, F= m.a. Sendo F, a força de atrito entre a roda do carrinho e o piso de porcelanato; sendo m a massa do carrinho junto aos equipamentos e a sendo a aceleração linearizada do gráfico da velocidade após o momento de “frenagem”.

F= m.a

F = 0,484 * (-1,098)

Fat = -0,531432

Fat = μc * (m*g)

-0,531432 = μc * (0,484*9,81)

μc = 0,1119266

6. Análise do teste experimental 

Com a variação da distância que o carro percorrerá até colidir ao obstáculo, foi possível realizar diversos testes alterando a velocidade do carro com uso do controle remoto. Assim, pode-se analisar com qual velocidade ele consegue parar sem colidir com o obstáculo. Visto que, conforme mencionado, o carrinho apenas parou de ser acelerado, contando com sua inércia e atrito para ficar em velocidade zero. Tendo em vista os equipamentos utilizados na montagem, também foi possível analisar em qual tempo e distância o buzzer estava emitindo o som de alerta, bem como o tempo total e de frenagem que o carro gastou para se encontrar parado.


Tabela 3. Dados resultantes do teste experimental

Com a tabela anteriormente apresentada, é possível enxergar que os valores das distâncias antes da colisão são próximos aos determinados pelo código do arduino, porém não sendo perfeitos como a tentativa 5 que ficou muito próximo da colisão e a tentativa 3 e 8 que pararam com antecedência por conta do erro experimental associado à quem controlava o controle remoto.

Além disso, foram feitos vários testes antes das tentativas contadas para o experimento em si, para que o momento de frenagem seja somente acionado quando de fato o alarme, junto ao led vermelho, estiver ativado.

Quanto aos resultados, será descrito pela plataforma tracker a variação de movimento e distância gravadas em vídeo da tentativa 1 para melhor explicar seu funcionamento:

Tabela 4. Representação do tempo com variação da velocidade em x com movimento acelerado e retardado

Tabela 4. Representação do tempo com variação da velocidade em x com movimento acelerado e retardado

Tabela 4. Representação do tempo com variação da velocidade em x com movimento acelerado e retardado

7. Orçamento
Orçamento previsto:
Arduino Uno R3: R$ 42,90 - R$ 59,90
Protoboard: R$13,00 - R$ 20,00
Sensor de Ultrassom HC-SR04: R$ 6,00 - R$ 15,00
Microchip 16F877A: R$ 36,00 - R$ 55,00
Alarme sonoro tipo buzzer: R$ 15,00 - R$ 20,00
Valor total estimado: Mínimo R$ 112,90 e Máximo R$ 169,90

Orçamento real:
10 Buzzers: R$15,90
Sensor Ultrassônico HC-SR04: R$6,90
Arduino Uno: R$53,90
Protoboard: R$18,90
Cabo Wire Jumper: R$5,50
Acelerômetro: R$7,90
Regulador De Tensão: R$6,90
Novo carrinho de brinquedo: R$90,00
Bateria 9v: R$20,00
Pilhas: R$20,00
Valor total: R$ 245,35

8. Erros e dificuldades

Quanto a execução do projeto em si, por conta do ensino à distância, a compra dos equipamentos separadamente e a montagem realizada por apenas um dos integrantes para facilitar a entrega dos Correios foi a maior dificuldade encontrada. O tempo de entrega dos equipamentos e do arduíno poderiam ter gerado riscos no tempo de montagem e testes do produto final. Houveram diversos imprevistos com os equipamentos necessários para a montagem do projeto, sendo que, por último, foi necessário comprar outro carro de brinquedo, visto que a placa do outro não estava conduzindo corrente. O que, por consequência, nos trouxe mais um gasto. Também por conta do estudo à distância, o aprendizado dos códigos de arduino não foram explorados profundamente por todos os integrantes. Assim os integrantes dos grupos necessitam fazer a pesquisa e entender as descrições dos códigos para o funcionamento correto do equipamento montado.

9. Conclusão Sabe-se que, a física cinemática é frequentemente aplicada no dia-a-dia. Neste projeto, é possível observar a sua importância. A partir do carro de controle remoto de brinquedo pode-se ver como a tecnologia pode ser utilizada à favor do motorista. As ferramentas como Arduino, TinkerCad e Tracker são acessíveis e exercem um papel de extrema importância. Portanto, através da montagem dos equipamentos com um obstáculo em uma distância pré determinada, isto é, os valores obtidos pelo Tracker. Assim, pelos testes experimentais pode-se analisar a posição final do carro em relação ao obstáculo e a sua aceleração até que pare completamente. Referências bibliográficas ARAGÃO, Ranvier Feitosa - Acidentes De Trânsito: Aspectos Técnicos e Jurídicos Campinas : Millenium, 2003 , 3.ed BRASIL, LEI 9.503 /. Presidência da República – Código de Trânsito Brasileiro - Acesso em: Setembro de 2021. <http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L9503.htm> DENATRAN e Fundação Carlos Chagas. Manual Básico de Segurança no Trânsito. - Cap. 4 - http://www.anfavea.com.br/documentos/indicesegurança.pdf. - Acesso em: Setembro de 2021 NUSSENZVEIG, Herch Moyses. 2002. CURSO DE FÍSICA BÁSICA: MECANICA. SÃO PAULO : EDGARD BLUCHER, 2002. Link de explicação do projeto: https://youtu.be/2dhKbE5Z9Zg